São Paulo, quinta-feira, 25 de março de 2004

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TODA MÍDIA

Coração na boca

NELSON DE SÁ

O dia já começou carregado, com Ancelmo Góis anunciando em "O Globo" que "Lula vai criar o Ministério da Administração".
E com o ex-collorido Cláudio Humberto acrescentando em "O Dia" que o presidente "quer contratar um gerentão" para o lugar de José Dirceu.
E com Eliane Cantanhêde fazendo na Folha On Line a comparação de Antonio Palocci com Dirceu, que "está perdendo as estribeiras" e:
- Precisa de descanso. Quem sabe fora do Planalto?
A partir daí Brasília não viveu de outro assunto.
Já de madrugada o blog de Ricardo Noblat trazia:
- Se continuar criando problemas para o presidente, Dirceu pode perder o emprego de uma hora para outra.
No meio do dia, nova entrada no blog:
- O mercado está agitado com a suspeita de que Dirceu pode deixar o governo.
Às 16h, mais blog:
- Brasília está com o coração na boca à espera da confirmação ou não da saída. As pessoas se telefonam, a oposição espalha que ele vai cair e os jornalistas suplicam por notícias.
Início da noite, mais blog:
- O dia hoje promete entrar pela noite. O deputado João Paulo acabou de conversar com Lula. Em vez de voltar à Câmara, foi direto para casa. O Congresso fervilha com a história de que teria sido sondado para o lugar de Dirceu.
O líder do PTB na Câmara, José Múcio, não se agüenta e diz à versão on line de "O Estado de S.Paulo" que "a cidade só fala na saída de Dirceu. Gosto dele, mas a situação está beirando a insustentabilidade".
O pânico se instala, ou talvez o sentido de oportunidade. O UOL dá a manchete:
- Principal aliado, PMDB ameaça deixar o governo.
Se a capital federal já era uma central de boatos, com a crescente cobertura on line ela se aproxima da histeria.
E os efeitos sobre os telejornais noturnos das principais redes já se fazem sentir. Por exemplo, na primeira manchete do Jornal da Record, ontem:
- Boatos da queda de Dirceu agravam a crise e confundem aliados no Congresso.

INIMIGO EXTERNO

Entrou em cena um site próximo do tucanato, com opiniões fundadas e menos alarido.
Chama-se E-agora e trazia desde anteontem, por exemplo, a análise dos motivos do ataque de José Dirceu a tucanos como Tasso Jereissati e Aécio Neves:
- É um expediente para que Dirceu possa continuar formalmente no comando do aparelho governamental e do Partido dos Trabalhadores.
Ontem, Eduardo Graeff, que foi secretário-geral da Presidência com FHC e protagoniza o site, acrescentou:
- A saraivada de grosserias (de Dirceu) só se explica como tentativa de Dirceu de arrumar "inimigo externo" para se segurar na "luta interna".

Pelo mundo

Com Brasília desabando à sua volta, Lula vai para o mundo. Ontem, deu um jeito de abrir a agenda para uma entrevista ao "New York Times".

Rumo à China

É lá fora que estão as poucas boas notícias de Lula.
O chanceler Celso Amorim continua em Pequim, ao menos foi de lá que falou longamente ao "Wall Street Journal".
Disse que as negociações para a criação de um bloco de livre comércio com a China abrem em menos de um mês -antes da viagem de Lula. Dele, no "WSJ" de ontem:
- China e Índia são mercados que estão crescendo muito rapidamente. O potencial da China é enorme.

Mandarim

Não é só o Ministério das Relações Exteriores que tem a cabeça no Oriente.
O "Valor Econômico" falou dos executivos que "começam a estudar mandarim para agradar os chineses". De um analista da Vale do Rio Doce, há seis meses aluno de Yuan Aiping:
- A China está prestes a dar um boom e poucos terão disposição para estudar o mandarim, que é muito difícil. Queremos nos destacar.
De um advogado que montou filial em Xangai e é aluno de Tyn Yn Chang, em SP:
- Falar um pouco já faz toda a diferença na hora de fechar qualquer negócio por lá.
E relatou como obteve um desconto de 80% num vaso.

Efervescente

Num ritmo que Eliane Cantanhêde descrevia como "efervescente", dias atrás na Folha On Line, a área externa tinha mais boas novas no "Valor":
- Colômbia, Venezuela e Equador se unem ao Mercosul.

Pelo petróleo

Por falar em viagens, a BBC destacou o anúncio do vôo de Tony Blair à Líbia, hoje, para ver Muammar Gaddafi.
Lula fez o mesmo e foi criticado. Já Blair é louvado no "Financial Times" pelas "negociações históricas" -que incluem a exploração de petróleo pela Shell. Está previsto até acordo na área de defesa.

Partidarismo

Os depoimentos sobre o 11/9 vinham calmos, os jornais americanos elogiavam a ausência de partidarismo.
Mas aí surgiu Richard Clarke, ex-assessor de Bush, e declarou diante das câmeras de CNN, Fox, BBC, que o governo falhou com "as famílias do 11/9". A campanha reabriu.

www.thisislondon.com/Reprodução
CENSURA O órgão que regula a publicidade britânica julgou ofensivo e vetou um cartaz da modelo Elle MacPherson. Com a proibição, a publicidade, que já havia sido veiculada na revista "Vogue", acabou reproduzida em vários jornais europeus, como o "La Reppublica"

ENDEREÇOS

"O Globo" - oglobo.globo.com/jornal; "O Dia" - odia.ig.com.br; Folha On Line -www.folha.uol.com.br; blog de Ricardo Noblat - noblat.blig.ig.com.br; "O Estado de S.Paulo" - www.estado.com.br; UOL - home.uol.com.br; E-agora - www.e-agora.org.br; "The Wall Street Journal" - online.wsj.com/home/us; "Valor Econômico" - www.valor.com.br; "Financial Times" - ft.com; "Vogue" - www.vogue.co.uk; "La Reppublica" - www.repubblica.it


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