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Repasse de verbas da Sudam ocorreu durante sociedade
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Dos R$ 25,4 milhões recebidos
pela Saint Germany Agropecuária
S/A da Sudam até ontem, 84,6%
foram liberados no período em
que o empreendimento de José
Osmar Borges tinha como sócio o
senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Borges é acusado de ser um
dos maiores fraudadores da Sudam -o empresário nega.
A Saint Germany Agropecuária
só conseguiu financiamento de
R$ 57,8 milhões da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) seis meses depois de ter comprado uma fazenda no Pará em sociedade com o
atual presidente do Senado.
Dos totais liberados, R$ 21,5 milhões foram entregues entre maio
de 1996 a 5 de janeiro de 1998, data
em que a fazenda adquirida pela
Saint Germany e Jader passa definitivamente para o controle do
senador e desfaz-se a sociedade.
Esses liberações para a Saint
Germany atingem 22% dos recursos recebidos pelas seis empresas
de Borges nos últimos dez anos. O
montante chega a R$ 83 milhões,
mas sem atualização monetária
-o que eleva o suposto rombo
para mais de R$ 100 milhões.
Chamou atenção dos procuradores da República, além da concentração da liberação de verbas
no período da ligação Jader-Borges, a rapidez com que a Saint
Germany recebeu a primeira parcela -de R$ 8,5 milhões.
A liberação ocorreu no dia 22 de
janeiro de 1997, portanto, 40 dias
depois de a Sudam ter aprovado o
empréstimo a Saint Germany. Os
processos geralmente levam meses. Seis meses depois, a Saint
Germany recebeu a maior parcela
(R$ 9,5 milhões).
O Ministério Público Federal e a
Polícia Federal procuram provas
de que as fraudes na Sudam eram
de alguma forma acobertadas
-levantando a suposição da
existência de testas-de-ferro. As
investigações ainda não chegaram a essa conclusão.
No total, foram feitas sete liberações para a Saint Germany.
Quatro delas são no período em
que se mantinha a associação Jader-Borges.
O senador não foi sócio direto
de Borges, que foi preso e solto na
semana passada. A sociedade foi
feita por meio de Márcia Cristina
Zahluth Centeno, atual mulher do
senador. O próprio Jader disse
que o nome dele não aparecia
porque ele estava em processo de
separação de sua ex-mulher.
Márcia Centeno é também dona
de um ranário em Belém que recebeu recursos da Sudam. A Centeno & Moreira S.A. é suspeita de
desvio de cerca da metade dos R$
9,6 milhões que a equipe interventora da autarquia diz ter sido
repassado ao ranário.
Jader nega que a empresa de sua
mulher tenha recebido tantos recursos e que haja irregularidades
na utilização do dinheiro da Sudam. Nos cálculos dele, apenas R$
422 mil foram liberados.
As liberações para a Saint Germany envolvem o ex-superintendente da Sudam José Arthur Guedes Tourinho, indicado por Jader.
Tourinho é acusado em processo
administrativo de ter cometido
crime de improbidade por suposto favorecimento a Borges.
O caso levou o ministro da Integração Regional, Fernando Bezerra, a substituir a exoneração de
Tourinho, no final de 1999, da Sudam por demissão. A portaria fazendo a substituição foi assinada
na semana passada. O caso foi remetido à Procuradoria da República. Tourinho nega ter cometido
irregularidades.
(ARI CIPOLA)
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