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Interventor da Sudam reafirma notificação
LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS
O interventor da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), José Diogo
Cyrillo, reafirmou ontem em Palmas (TO) que a mulher do senador Jader Barbalho (PMDB-PA),
Márcia Zahluth Centeno, foi notificada por desvio de recursos públicos e terá de pagar R$ 9,6 milhões ao órgão.
Cyrillo afirmou que o valor é superior ao total liberado, cerca de
R$ 4 milhões, porque está acrescido de correção monetária, juros e
multa por atraso. Márcia interpelou o interventor judicialmente
para que ele reafirme ou retire as
afirmações que fez contra sua empresa, a Centeno & Moreira, que
instalou um ranário em Belém.
Questionado se está preparado
para responder à interpelação,
Cyrillo respondeu: "Quem é advogado há mais de 30 anos, como
eu, é como um médico, que não se
assusta com sangue".
A Polícia Federal fez ontem e
anteontem apreensões em casas
de mais 14 envolvidos nas fraudes
da Sudam, incluindo integrantes
da cúpula do órgão e do Ministério da Integração Nacional.
Cyrillo disse que esses documentos são "fontes preciosas de
informação para o processo".
Foram apreendidos documentos nas casas do ex-superintendente da Sudam Arthur Tourinho, do ex-secretário-executivo
do ministério Benivaldo Alves de
Azevedo e do ex-superintendente
Maurício Vasconcelos.
A empresa de Márcia faz parte
de um grupo de 12 empresas que
receberam notificações num valor total de R$ 300 milhões. A
maioria é acusada de desvio de recursos públicos.
"Quando há indícios de irregularidades, é dever de ofício determinar a abertura de investigações", afirmou o interventor, dizendo não ser perseguição a decisão da notificar a mulher de Jader.
O interventor teve encontros
com o superintendente da PF em
Tocantins, João Fonseca Coelho,
com o delegado Hélbio Dias Leite
e com os procuradores da AGU
(Advocacia Geral da União) que
estavam trabalhando na sede da
empresa em Belém -Elmar Kichel e Heitor Gularte.
Os procuradores afirmaram
que o interesse da AGU como representante judicial da Sudam é
reaver o dinheiro desviado e punir disciplinarmente os funcionários envolvidos nas fraudes.
Cyrillo disse que uma das prioridades é recuperar o dinheiro
desviado pelas 213 empresas que
tiveram seus projetos cancelados.
O interventor declarou-se chocado com a precariedade dos cadastros da Sudam, o que tem dificultado a cobrança das dívidas.
Em muitos casos o órgão não tem
o endereço da empresa devedora.
Para facilitar esse trabalho, a Sudam pediu à Receita Federal o
acesso ao seu cadastro.
Hélbio Dias Leite continua analisando os documentos apreendidos. Documentos da empresa Extrucenter, em Monte Alto (SP),
evidenciam a emissão de notas
frias. "De repente, surge uma nota
de R$ 2 milhões. Como uma empresa de fundo de quintal poderia
emitir uma nota nesse valor?"
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