São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2001

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Interventor da Sudam reafirma notificação

LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS

O interventor da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), José Diogo Cyrillo, reafirmou ontem em Palmas (TO) que a mulher do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), Márcia Zahluth Centeno, foi notificada por desvio de recursos públicos e terá de pagar R$ 9,6 milhões ao órgão.
Cyrillo afirmou que o valor é superior ao total liberado, cerca de R$ 4 milhões, porque está acrescido de correção monetária, juros e multa por atraso. Márcia interpelou o interventor judicialmente para que ele reafirme ou retire as afirmações que fez contra sua empresa, a Centeno & Moreira, que instalou um ranário em Belém.
Questionado se está preparado para responder à interpelação, Cyrillo respondeu: "Quem é advogado há mais de 30 anos, como eu, é como um médico, que não se assusta com sangue".
A Polícia Federal fez ontem e anteontem apreensões em casas de mais 14 envolvidos nas fraudes da Sudam, incluindo integrantes da cúpula do órgão e do Ministério da Integração Nacional.
Cyrillo disse que esses documentos são "fontes preciosas de informação para o processo".
Foram apreendidos documentos nas casas do ex-superintendente da Sudam Arthur Tourinho, do ex-secretário-executivo do ministério Benivaldo Alves de Azevedo e do ex-superintendente Maurício Vasconcelos.
A empresa de Márcia faz parte de um grupo de 12 empresas que receberam notificações num valor total de R$ 300 milhões. A maioria é acusada de desvio de recursos públicos.
"Quando há indícios de irregularidades, é dever de ofício determinar a abertura de investigações", afirmou o interventor, dizendo não ser perseguição a decisão da notificar a mulher de Jader.
O interventor teve encontros com o superintendente da PF em Tocantins, João Fonseca Coelho, com o delegado Hélbio Dias Leite e com os procuradores da AGU (Advocacia Geral da União) que estavam trabalhando na sede da empresa em Belém -Elmar Kichel e Heitor Gularte.
Os procuradores afirmaram que o interesse da AGU como representante judicial da Sudam é reaver o dinheiro desviado e punir disciplinarmente os funcionários envolvidos nas fraudes.
Cyrillo disse que uma das prioridades é recuperar o dinheiro desviado pelas 213 empresas que tiveram seus projetos cancelados.
O interventor declarou-se chocado com a precariedade dos cadastros da Sudam, o que tem dificultado a cobrança das dívidas. Em muitos casos o órgão não tem o endereço da empresa devedora. Para facilitar esse trabalho, a Sudam pediu à Receita Federal o acesso ao seu cadastro.
Hélbio Dias Leite continua analisando os documentos apreendidos. Documentos da empresa Extrucenter, em Monte Alto (SP), evidenciam a emissão de notas frias. "De repente, surge uma nota de R$ 2 milhões. Como uma empresa de fundo de quintal poderia emitir uma nota nesse valor?"


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