São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2001

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PF busca documentos da Sudam em dez Estados

LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS

A Polícia Federal desencadeou nas últimas 48 horas mais 18 buscas de apreensão de documentos em escritórios de empresas e casas de funcionários e ex-diretores da Sudam e do Ministério da Integração Nacional.
Já foram feitas buscas e apreensões em dez Estados onde atuava o grupo que fraudava a Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
Todo o material será enviado a Palmas (TO), onde está centralizado o inquérito sobre as fraudes. O interventor da Sudam, José Diogo Cyrillo, foi a Palmas ontem. "Essas peças são fontes preciosas de informação para o processo. Num laptop (computador portátil) desses pode estar o mapa da mina", disse Cyrillo, pouco antes de viajar para Brasília.
Na casa do ex-superintendente da Sudam e ex-secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional Maurício Vasconcelos, em Brasília, foram recolhidos documentos, agendas e papéis.
Em Natal, foram aprendidos documentos no apartamento do ex-secretário-executivo do ministério Benivaldo Alves de Azevedo. Em Belém, foram feitas apreensões na casa do ex-superintendente Arthur Guedes Tourinho.
Na capital do Pará foram realizadas 13 buscas, sendo recolhidos documentos e material de informática, num total de 30 quilos. Onze funcionários da Sudam tiveram documentos apreendidos.
Também foram feitas apreensões em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Carutupera (MA) nos dois últimos dias.
Cyrillo reafirmou em Palmas que a mulher do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), Márcia Zahluth Centeno, foi notificada por desvio de recursos públicos e terá de devolver R$ 9,6 milhões.
Ele afirmou que o valor é superior ao total liberado, cerca de R$ 4 milhões, por incluir correção monetária, juros e multa por atraso. Márcia interpelou Cyrillo judicialmente para que reafirme ou retire o que disse contra a sua empresa, a Centeno & Moreira, que instalou um ranário em Belém.
Questionado se está preparado para responder à interpelação, Cyrillo respondeu: "Quem é advogado há mais de 30 anos, como eu, é como um médico, que não se assusta com sangue".
A empresa de Márcia está em um grupo de 12 firmas que receberam notificações num valor total de R$ 300 milhões. A maioria foi enquadrada no artigo 5º da lei 9.167/91 (que regulamenta a Sudam), sobre desvio de recursos públicos, segundo o interventor.
Cyrillo obteve na Justiça Federal de Palmas cópias do inquérito da PF sobre o grupo que fraudava a Sudam. O juiz Marcelo Albernaz, da 1ª Vara da Justiça Federal, só não permitiu o acesso às transcrições das conversas.
O delegado da PF Hélbio Dias Leite encontrou ontem na empresa Extrucenter documentos que indicam emissão de notas frias para projetos da Sudam. Num bloco de notas, há notas de valores baixos, como R$ 100, R$ 200 e R$ 500. De repente, surgem notas de R$ 2 milhões e R$ 3 milhões.


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