São Paulo, quarta-feira, 25 de abril de 2007

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Juíza do Rio acaba com sigilo em parte do processo de 21 presos pela Polícia Federal

DA SUCURSAL DO RIO

A juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Criminal Federal do Rio, afastou o segredo de Justiça do processo de 21 presos na Operação Hurricane.
Após o desmembramento do caso -separando as pessoas com foro especial, cujo futuro será decidido pelo STF, e os outros investigados-, o Ministério Público Federal no Rio denunciou 24 pessoas no último dia 20. Além dos 21 presos no dia da operação, foram denunciados os três tesoureiros dos contraventores Capitão Guimarães, Anísio e Turcão.
A juíza utilizou como argumento para sua decisão "o indubitável (e legítimo) interesse público na apuração e acompanhamento dos fatos". As partes anteriores, em que constam relatórios das escutas telefônicas, foram mantidas sob sigilo.
Ela determinou ainda a transferência dos 21 presos para a penitenciária federal de Campo Grande (MS). Em decisão de ontem, determinou a "imediata transferência"; no dia 20, havia falado em transferência após os depoimentos, que começam quinta-feira.
A assessoria da juíza não soube informar se os presos estarão no Rio na quinta-feira para os depoimentos. Os primeiros convocados a prestar depoimentos são os contraventores Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, Aniz Abrahão David, o Anísio, e Antônio Petrus Kalil, o Turcão.
Segundo a juíza, os três são os líderes da organização criminosa, especializada na exploração de jogos de azar e verdadeiros donos de casas de bingo" no Rio" e compõem o "núcleo duro da quadrilha, determinando todos os destinos do grupo".
O fato de os presos serem mantidos fora do Rio deve implicar gastos vultosos e freqüentes para a Polícia Federal, uma vez que será a instituição incumbida de fazer o transporte até o local dos depoimentos. Os presos não serão interrogados no mesmo dia, mas estão divididos em grupos de três, em sete datas diferentes -26, 27 e 30 de abril e 2, 3, 4 e 7 de maio.
Preocupado com eventuais pedidos de nulidade do processo, o Ministério Público Federal pediu à juíza que os acusados estejam presentes a todos os atos do processo, o que foi acolhido pela juíza.
Não há nas decisões os motivos por que a juíza optou por mantê-los em outro Estado, e a magistrada não deu entrevista.

Dória
O juiz Ernesto Pinto Dória, preso pela PF, diz, em conversas gravadas, que pediu ao empresário João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, que o "Jornal Nacional" não noticiasse que o bicheiro Antônio Petrus Kalil, o Turcão, era suspeito de ter contribuído para a compra de dossiê contra tucanos na campanha eleitoral de 2006. Nenhuma das conversas gravadas foi mantida com o empresário.
A Central Globo de Comunicação disse que "não é a primeira vez nem será a última que alguém se vangloria falsamente de ter influência sobre o noticiário da TV Globo". Em comunicado, afirmou: "Além desse pedido nunca ter existido, basta examinar nossa cobertura para comprovar que isso não procede. O JN não só citou o Turcão como deu o furo no dia 18 [de outubro passado]".
A Globo informou que Dória trabalhou na assessoria do jornalista Roberto Marinho (1904-2003), que presidia as Organizações Globo. Em seu currículo no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) em Campinas, Dória fez constar a informação de que trabalhou como assessor especial de Marinho de 1975 a 1985.


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