São Paulo, quarta, 25 de junho de 1997.



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TÍTULOS SOB SUSPEITA
Primeira-dama paulistana recebeu R$ 3.300 no dia em que o Maxi-Divisa fez saque de igual valor
CPI quer rastrear contas de Nicéa Pitta

da Sucursal de Brasília


O relator da CPI dos Precatórios, senador Roberto Requião (PMDB-PR), disse ontem que vai pedir ao Banco Central o rastreamento de operações bancárias de Nicéa Pitta, mulher do prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB).
A CPI descobriu que Nicéa Pitta recebeu, de julho a dezembro de 1996, depósitos em uma conta no Unibanco que somam R$ 101,3 mil. Nesse período, Celso Pitta estava em campanha eleitoral e, portanto, havia deixado a Secretaria Municipal das Finanças.
A maior parte dos depósitos foi feita por meio de crédito interagências -de outra conta do próprio Unibanco- para cobrir lançamentos que deixavam a conta de Nicéa com saldo negativo.
De acordo com a assessoria técnica da CPI, esses dados da conta de Nicéa não foram requisitados antes ao Banco Central porque Requião havia decidido investigar somente depósitos acima de R$ 10 mil, para reduzir a quantidade de documentos em análise.
Requião procura agora rastrear o que chama de "uma grande coincidência": um depósito de R$ 3.300 feito na conta de Nicéa no Unibanco (conta 102009-8, da agência 420) por meio de um DOC (documento de compensação interbancária).
A "coincidência" é que, no mesmo dia do DOC (13 de setembro de 1996), foi sacado no caixa do Maxi-Divisa -um dos bancos envolvidos no esquema de negociação de títulos estaduais e municipais- um cheque também de R$ 3.300, emitido pelo diretor do banco Genival de Almeida Filho.
Renda
A declaração de renda de Nicéa Pitta referente ao ano-base 1995 informava renda bruta anual de pouco mais de R$ 30 mil.
Na declaração referente a 1996, entretanto, a renda de Nicéa foi bem superior, mas a CPI não informou o valor.
Roberto Requião disse, entretanto, duvidar do envio das informações pelo Banco Central em tempo de utilizar as informações em seu relatório final.
Segundo ele, o encontro do presidente Fernando Henrique Cardoso com o ex-prefeito Paulo Maluf, que teve em Pitta seu secretário das Finanças, indica que o governo está mais interessado na eleição de 98 que em apurar irregularidades com títulos públicos.
"Maluf e Paulo Afonso (governador de Santa Catarina) não vieram à CPI, mas foram recebidos por Fernando Henrique. Agora só falta o presidente receber o Miguel Arraes (governador de Pernambuco) e o Renê (suposto doleiro investigado pela CPI)", disse.



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