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TÍTULOS SOB SUSPEITA
Primeira-dama paulistana recebeu R$ 3.300 no dia em que o Maxi-Divisa fez saque de igual valor
CPI quer rastrear contas de Nicéa Pitta
da Sucursal de Brasília
O relator da
CPI dos Precatórios, senador
Roberto Requião
(PMDB-PR),
disse ontem que
vai pedir ao
Banco Central o rastreamento de
operações bancárias de Nicéa Pitta, mulher do prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB).
A CPI descobriu que Nicéa Pitta
recebeu, de julho a dezembro de
1996, depósitos em uma conta no
Unibanco que somam R$ 101,3
mil. Nesse período, Celso Pitta estava em campanha eleitoral e, portanto, havia deixado a Secretaria
Municipal das Finanças.
A maior parte dos depósitos foi
feita por meio de crédito interagências -de outra conta do próprio Unibanco- para cobrir lançamentos que deixavam a conta de
Nicéa com saldo negativo.
De acordo com a assessoria técnica da CPI, esses dados da conta
de Nicéa não foram requisitados
antes ao Banco Central porque Requião havia decidido investigar somente depósitos acima de R$ 10
mil, para reduzir a quantidade de
documentos em análise.
Requião procura agora rastrear o
que chama de "uma grande coincidência": um depósito de R$
3.300 feito na conta de Nicéa no
Unibanco (conta 102009-8, da
agência 420) por meio de um DOC
(documento de compensação interbancária).
A "coincidência" é que, no mesmo dia do DOC (13 de setembro de
1996), foi sacado no caixa do Maxi-Divisa -um dos bancos envolvidos no esquema de negociação
de títulos estaduais e municipais-
um cheque também de R$ 3.300,
emitido pelo diretor do banco Genival de Almeida Filho.
Renda
A declaração de renda de Nicéa
Pitta referente ao ano-base 1995
informava renda bruta anual de
pouco mais de R$ 30 mil.
Na declaração referente a 1996,
entretanto, a renda de Nicéa foi
bem superior, mas a CPI não informou o valor.
Roberto Requião disse, entretanto, duvidar do envio das informações pelo Banco Central em
tempo de utilizar as informações
em seu relatório final.
Segundo ele, o encontro do presidente Fernando Henrique Cardoso com o ex-prefeito Paulo Maluf, que teve em Pitta seu secretário das Finanças, indica que o governo está mais interessado na
eleição de 98 que em apurar irregularidades com títulos públicos.
"Maluf e Paulo Afonso (governador de Santa Catarina) não vieram à CPI, mas foram recebidos
por Fernando Henrique. Agora só
falta o presidente receber o Miguel
Arraes (governador de Pernambuco) e o Renê (suposto doleiro investigado pela CPI)", disse.
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