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Geógrafo publicou mais de 40 livros
e recebeu 20 títulos "honoris causa"
DO BANCO DE DADOS
Um dos intelectuais mais conhecidos do Brasil, o geógrafo
Milton Santos, 75, recebeu 20 títulos "honoris causa" pelo mundo.
Foi o único pesquisador fora do
mundo anglo-saxão a receber, em
1994, o prêmio Vautrin Lud, o
"Prêmio Nobel" da geografia.
Publicou mais de 40 livros (veja
quadro ao lado) e 300 artigos. Foi
consultor da OIT (Organização
Internacional do Trabalho), OEA
(Organização dos Estados Americanos) e Unesco (Organização
das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura).
Conciliava seu trabalho acadêmico com a participação na Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, da qual fazia
parte desde 91, e no Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano. Escrevia regularmente na seção "Brasil 501 d.C." do Mais!.
Milton de Almeida Santos nasceu a 3 de maio de 1926, em Brotas
de Macaúba, na Chapada Diamantina (BA). Filho de professores primários, aprendeu a ler e a
escrever aos cinco anos. Só foi
matriculado num ginásio aos dez
anos -o Instituto Baiano de Ensino, em Salvador. Aos 15 anos,
dedicava suas horas de folga a ensinar colegas menores do colégio.
Descendente de escravos emancipados antes da Abolição, Santos
chegou a pensar em cursar engenharia, mas desistiu quando o
alertaram que havia resistência
aos negros na Escola Politécnica.
Isso não impediu que enfrentasse várias manifestações de racismo. Durante a fundação da Associação dos Estudantes Secundários da Bahia, da qual Milton Santos participou ativamente, foi
convencido a não se candidatar
ao cargo de presidente: seus colegas argumentaram que, como ele
era negro, não seria capaz de conversar com as autoridades.
Terminado o ginásio, Milton seguiu para a Universidade Federal
da Bahia, onde formou-se em direito, em 1948. Dez anos depois,
Milton Santos tornou-se doutor
em geografia, pela Universidade
de Estrasburgo (França).
Milton Santos também atuou
como jornalista, tendo acompanhado Jânio Quadros numa viagem a Cuba, em 1960, época em
que já era um geógrafo conhecido
em seu Estado. Tornou-se amigo
e profundo admirador de Jânio,
chegando a ser subchefe da Casa
Civil e representante do governo
federal em seu Estado. Mas se decepcionou com a renúncia, em 61.
Em 1964, presidiu a Comissão
Estadual de Planejamento Econômico, órgão do governo baiano.
Durante sua permanência na comissão, Milton Santos foi autor de
propostas polêmicas, como a de
criar um imposto sobre fortunas.
No regime militar, Milton Santos combinava as atividades de redator do jornal "A Tarde", de Salvador, e a de professor universitário, defendendo posições nacionalistas. Acabou sendo demitido
da Universidade Federal da Bahia
e passou 60 dias preso em Salvador. Só foi libertado porque sofreu um princípio de infarto.
Aconselhado por amigos, aceitou convite para lecionar no exterior. Foi professor das universidades de Toulouse, Bordeaux e Paris
(França); Toronto (Canadá); Lima (Peru); Dar Assalaam (Tanzânia; Columbia (EUA); Central de
Venezuela e Zulia (Venezuela).
Voltou definitivamente ao Brasil
em 1977, para lecionar na USP.
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