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CONFLITO AGRÁRIO
No interior de São Paulo, órgão ligado à CUT promove invasão
MST invade e libera cobrança de praças de pedágio no PR
Lorena Manarim/O Paraná
![](../images/n2506200302.jpg) |
Carro passa por pedágio liberado pelo MST na rodovia BR-277, que liga Cascavel a Curitiba (PR) |
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
DA FOLHA RIBEIRÃO
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu e liberou de cobranças oito praças de pedágio, ontem, em diversos pontos do Paraná. Segundo a coordenação do movimento
no Estado, a invasão é por tempo
indeterminado. A ação ocorreu
após o início de discussão, na Assembléia Legislativa do Paraná,
de um projeto do governador Roberto Requião (PMDB) pelo qual
o Estado encamparia os pedágios.
No início da tarde, em uma ação
planejada, mais de mil integrantes
do MST invadiram as oito praças
de pedágio entre 13h e 14h30. Ao
mesmo tempo, em Curitiba, caminhoneiros faziam buzinaço na
frente da Assembléia em favor do
projeto do governador. No início
da noite, o projeto acabou sendo
aprovado pelos deputados.
Em duas das praças, a ABCR
(Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) acusa o
MST de cobrar pedágio dos motoristas que passavam pelo local.
As concessionárias ingressam hoje na Justiça com pedido de reintegração de posse das praças.
Edson Bagnara, da coordenação
estadual do MST, negou ontem a
cobrança de pedágio por parte
dos sem-terra. "Não é orientação
do movimento. Essa história de
cobrança é uma falácia das concessionárias. O que existe é que
motoristas que apóiam os protestos contribuem espontaneamente
com os manifestantes."
Segundo Bagnara, foi coincidência o protesto acontecer no
dia e no horário do começo da votação do projeto do governador
na Assembléia. "É coincidência, o
ato estava programado e a gente
não sabia que o projeto ia ser votado hoje [ontem]", disse.
Outra coincidência teria sido o
fato de Requião, anteontem, ter
anunciado que não iria colocar a
Polícia Militar para cumprir determinações de reintegração de
posse contra os sem-terra. "Se o
governador e o MST concordam
em alguns pontos, isso é coincidência, não aliança", disse.
Coincidência ou não, Roberto
Requião (PMDB) reafirmou ontem em Ivaiporã (norte do PR)
seu compromisso com o MST.
Requião disse que vai continuar
negociando com o MST "até a
exaustão". Ele disse que está
"agindo com toda a paciência
com o MST, para que ninguém
morra no campo", e que o limite
dele com o movimento "apenas
começou e é grande porque devemos governar para todos, especialmente para os mais pobres".
Colina
Um grupo de cerca de 320 famílias sem terra da Feraesp (Federação dos Trabalhadores Rurais Assalariados do Estado de São Paulo), órgão que é ligado à CUT
(Central Única dos Trabalhadores), invadiu na manhã de ontem
uma fazenda em Colina (406 km a
noroeste de São Paulo).
A Feraesp é o principal movimento de trabalhadores rurais
sem terra na região de Ribeirão
Preto. Das 1.767 famílias assentadas ou acampadas em 13 áreas, a
federação conta com 1.374 famílias em oito propriedades.
A área invadida ontem foi doada pelo governador Orestes Quércia, em 1990, a uma entidade de
atendimento a deficientes físicos e
mentais, mas vem sem explorada
irregularmente por um usineiro
da região. Os sem-terra dizem que
o ex-prefeito de Colina Adilson
Sturaro, do PMDB, mesmo partido do ex-governador, é o responsável pela exploração. Ele possui
uma propriedade que faz divisa
com a área ocupada.
O ex-prefeito não foi encontrado ontem para falar do assunto.
Ele também não respondeu aos
cinco recados deixados em seu
consultório dentário, em sua residência e na prefeitura, onde participava de uma reunião.
Oficialmente, o governo não sabe quem explora a área. A Secretaria de Estado da Agricultura e
Abastecimento informou que sua
consultoria jurídica está analisando a denúncia e pode pedir judicialmente a reintegração da área.
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