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MEMÓRIA
25 mil homenageiam governador em São Borja (RS); o presidente do PT, José Genoino, e o ministro Aldo Rebelo vão ao enterro
Brizola é sepultado ao lado de Vargas e Jango
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO BORJA
O governador Leonel Brizola,
morto na segunda-feira no Rio,
foi enterrado ontem às 16h em
São Borja (RS) no mesmo cemitério onde estão Getúlio Vargas e
João Goulart, além da mulher do
governador, Neusa Brizola.
Getúlio, Jango e Brizola foram
os principais líderes do do antigo
PTB (1945-1965), partido de linha
nacionalista com forte presença
nos sindicatos -que, na época,
eram subordinados ao Ministério
do Trabalho. Getúlio presidiu o
país de 1951 a 1954. Jango foi vice-presidente de 1956 a 1961, e presidente até ser deposto, em 1964.
Segundo cálculos da Brigada
Militar, 25 mil pessoas participaram das homenagens a Brizola no
município, de 64.820 habitantes.
Jornais e rádios locais lembravam
uma frase dita por Brizola em São
Borja, em 1979, quando voltou de
seu exílio de 15 anos: "E ali, naquele momento [final do exílio],
decidimos voltar por São Borja
nem que tivéssemos de dar umas
voltas pelo mundo inteiro. São
Borja é como entrar pela porta da
frente da nossa própria casa".
Mais de 7.000 pessoas acompanharam o percurso do corpo de
Brizola pelas oito quadras que separam a igreja matriz do cemitério, ouvindo o Hino Nacional, o
hino do Rio Grande do Sul e
"Querência Amada", de Teixeirinha. No aeroporto de São Borja,
1.500 pessoas o receberam. O comércio fechou. As ruas ficaram
completamente tomadas.
"Ele é o meu padrinho, ele é o
meu padrinho", dizia, aos prantos, José Lorenzi, 58, professor
aposentado, enquanto caminhava pelas ruas de São Borja trajando bombacha, botas e o característico lenço vermelho. Assis Pinheiro de Quevedo, 86, trajava as
vestes gaúchas, carregava uma
bandeira do PDT e contava histórias: seu pai era amigo de Vargas,
ele trabalhou como peão para
Jango e ficou amigo de Brizola.
Entre outros políticos, foram a
São Borja o presidente do PT, José
Genoino, o presidente da Câmara, João Paulo (PT), e o ministro
da Coordenação Política, Aldo
Rebelo (PC do B), que receberam
vaias isoladas de militantes da
Força Sindical. "As vaias são um
fato menor perto do que representa o grande debate de idéias
proposto por Brizola", disse Genoino. Para Rebelo, "Brizola é insubstituível, suas idéias vão ficar".
Entre os parentes, destacavam-se o irmão Frutuoso Brizola e o filho José Vicente Brizola, que rompeu com o pai em 2000. Segundo
ele, eles já tinham feito as pazes.
São Borja organizou-se para receber os visitantes. Foram confeccionados mil laços pretos, para serem colocados nos carros que
participaram da homenagem, e
500 bandeiras. Os oito hotéis, com
seus 800 quartos, ficaram lotados.
O caixão com Brizola saiu pela
manhã de Porto Alegre. Sob chuva, quatro aviões com autoridades e parentes de Brizola deixaram a capital do Estado às 10h32.
Antes de deixar o Palácio Piratini,
Brizola recebeu honras militares,
com direito a salva de tiros e marcha fúnebre. O presidente interino, José Alencar, participou do
velório na manhã de ontem.
Colaborou PLÍNIO FRAGA, enviado especial a Porto Alegre
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