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SALÁRIO PETISTA
Siglas passam por conflitos por causa de votação do mínimo; Lula diz em NY que senadores votaram pensando em eleições
PFL quer expulsar deputado que votou com governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DE NOVA YORK
Um dia após a votação do salário mínimo na Câmara dos Deputados, partidos passaram a enfrentar conflitos internos. O PFL
quer punir dissidentes e expulsar
um deputado, o que seria inédito
na sigla. O PT optou pela conciliação, mas diz não "abrir mão da
unidade de ação". O PPS, rachado
entre ser ou não governo, seguiu
se engalfinhando.
A Executiva Nacional do PFL se
reuniu ontem para analisar a situação de dois deputados que votaram contra os R$ 275 propostos
pelo partido e de um deputado
que estava ausente. O senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator do processo disciplinar, pediu
a expulsão do deputado Lael Varella (PFL-MG). "O partido fechou questão, e ele [Varella] votou contra duas vezes. Isso quer
dizer que ele não quer mais ser do
partido", disse o vice-presidente
do PFL, senador José Jorge (PE).
Depois de ser aprovada pela Câmara, a medida provisória do governo fixando o mínimo em R$
260 foi derrubada pelo Senado,
que aumentou esse valor em R$
15. Como houve modificação, a
matéria voltou para a Câmara,
que restabeleceu o valor original.
Em Nova York, também ontem,
o presidente Lula disse que houve
senadores que votaram por um
mínimo de R$ 275 por motivos
eleitorais. "Todo mundo sabe que
as prefeituras e a Previdência não
suportariam um número maior.
Mesmo pessoas que não conseguiriam pagar [o valor] maior,
por causa da eleição, votam no
maior", disse o presidente.
No PFL, Torres defendeu ainda
advertência para Cleuber Carneiro (MG), que apoiou o governo na
primeira vez e se ausentou anteontem. Foi aberto processo disciplinar contra Clovis Fecury
(MA), que votou contra o partido
da última vez e não compareceu
da primeira.
Após ser complacente com os
cinco deputados e três senadores
que votaram contra o governo, o
PT viu na Câmara esse número
subir para nove na segunda votação. O histórico do partido é punir dissidentes, inclusive com expulsão -como no caso dos quatro ""radicais" que votaram contra
as reformas em 2003.
"O PT não pode abrir mão da
unidade de ação, mas não queremos afastar ninguém. O partido
vai tratar disso sem fazer muito
barulho", disse o presidente da sigla, José Genoino.
Se expulsasse nove deputados, a
bancada do PT ficaria com 80,
apenas três a mais que o PMDB.
Cabe à maior bancada a indicação
do presidente da Câmara.
Já as lideranças do PPS falaram
sobre as discussões públicas que
ocorreram na sigla. O presidente,
deputado Roberto Freire (PE), e o
líder da bancada, deputado Júlio
Delgado (MG), desautorizaram
um ao outro durante a sessão que
deliberou sobre o salário mínimo.
Enquanto Delgado liberava a
bancada para votar como quisesse e avisava que ele próprio apoiaria o governo, Freire o corrigia no
microfone afirmando que o voto
deveria ser a favor dos R$ 275.
"Vamos ter que encontrar um
"modus vivendi". Ontem [anteontem] não foi um bom momento
do PPS", disse Freire. Já Delgado
afirma que houve "intolerância".
(FERNANDA KRAKOVICS, RANIER BRAGON, RAQUEL ULHÔA E RAFAEL CARIELLO)
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