|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PUBLICITÁRIO
Documentos indicam que agências de Marcos Valério, acusado de operar "mensalão", retiraram dinheiro na boca do caixa entre 2003 e 2005
Papéis mostram saques de R$ 21 mi no Rural
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As duas principais empresas
que têm como sócio o publicitário
mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza registraram saques,
em dinheiro, no valor total de R$
20,9 milhões entre julho de 2003 e
maio de 2005, segundo revelou
ontem a revista "IstoÉ".
Procurada ontem à noite pela
Folha, a assessoria de Marcos Valério disse que ele não se manifestaria sobre o assunto.
De acordo com a "IstoÉ", os documentos sobre a movimentação
financeira das empresas de Valério foram entregues ao Ministério
Público Federal de São Paulo e ao
Ministério Público Estadual de
Minas Gerais, que investigam supostas irregularidades.
O publicitário foi acusado pelo
deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ), em entrevista à Folha,
de ser o operador do "mensalão"
- mesada paga pelo PT a parlamentares da base aliada. Valério
negou a acusação.
Segundo Jefferson disse ao Conselho de Ética da Câmara, o dinheiro vinha de Belo Horizonte
(MG) "em malas" para Brasília e
seria sacado de empresas de Valério e enrolado em fitas do Banco
Rural e do Banco do Brasil.
A revista "IstoÉ" reproduziu
um relatório do Coaf (Conselho
de Controle de Atividades Financeiras, subordinado ao Ministério
da Fazenda ) que detectou "expressivas movimentações financeiras" nas contas bancárias das
SMP&B Comunicação e DNA
Propaganda da agência do Banco
Rural de Belo Horizonte (MG).
Das contas da primeira, saíram
R$ 16,5 milhões em dinheiro vivo.
Da DNA, R$ 4,4 milhões.
Do total, outros R$ 400 mil foram sacados de contas da
SMP&B da agência do Banco do
Brasil na mesma cidade.
De acordo com fontes do Banco
Rural citadas pela revista, ocorreram 103 saques na boca do caixa,
o que representaria uma média
semanal de R$ 200 mil.
A "IstoÉ" localizou uma funcionária da SMP&B, Geiza Dias, que
trabalha no departamento financeiro e cujo nome é apontado nos
documentos como uma das responsáveis pelos saques. Segundo
a revista, Geiza retirou pelo menos R$ 2 milhões das agências
bancárias. Ela não quis se pronunciar, segundo a publicação.
Outro sacador seria Alexandre
Vasconcelos Castro, proprietário
de uma empresa de factoring. De
acordo com a "IstoÉ", Castro primeiro disse que poderia estar sendo vítima de fraude: "Em 2003,
perdi meus documentos em Contagem. Podem estar usando os
documentos para aplicar golpes".
Ao ser indagado sobre sua empresa, Castro acrescentou: "Hoje,
só trabalho com pequenas cobranças. Em 2003 eu fazia centenas de saques nas agências do Rural. Pode ter sido eu, embora não
conheça a DNA, a SMP&B, o sr.
Marcos Valério e muito menos
autoridades do governo."
O relatório do Coaf revela que,
em média, os saques eram de R$
100 mil por mês, mas em alguns
meses houve retiradas bem maiores. Em janeiro de 2004, ocorreram saques no valor total de R$
2,8 milhões. No ano de 2003, os
saques somaram R$ 11 milhões.
No ano passado, R$ 10 milhões.
De acordo com a revista, o Coaf
costuma informar ao Ministério
Público saques superiores a R$
100 mil, para auxiliar investigações já em andamento.
As empresas começaram a ser
investigadas em 2001. De acordo
com a "IstoÉ", a SMP&B é suspeita de envolvimento em "um esquema de desvio de recursos da
Fundacentro, ligada ao Ministério
do Trabalho". A DNA é suspeita
de lavagem de dinheiro.
Texto Anterior: Presidente compara CPI a uma guerra Próximo Texto: Artigo: De volta aos tempos do sabonete Índice
|