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Deputado que viu mala
será chamado a depor
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O presidente do Conselho de
Ética da Câmara, Ricardo Izar
(PTB-SP), disse ontem que vai
chamar para depor o deputado
Francisco Gonçalves Filho (PTB-MG) que afirma ter visto uma maleta, do tipo 007, cheia de notas de
R$ 100, divididas em "vários blocos", circular dentro da Câmara.
O fato ocorreu, segundo o deputado, há 15 meses. "Eu nunca tinha visto tanto dinheiro", afirma
Gonçalves Filho.
O conselho apura as acusações
do deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) de que o tesoureiro do
PT, Delúbio Soares, pagava
"mensalão" a congressistas do PP
e do PL em troca de apoio e movimentava malas de dinheiro, com
apoio do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Segundo Gonçalves Filho, a maleta foi aberta na frente de uma
"rodinha de cinco deputados"
que estavam conversando. Ele
afirmou não se recordar dos nomes dos congressistas.
"Entrou um senhor bem vestido, com um terno escuro, aparentando 40 anos com a maleta no
plenário. Não era deputado. Eu
nunca tinha visto ele lá. Havia uns
deputados numa rodinha. Ele
abriu a maleta, fechou e depois
saiu", afirmou Gonçalves Filho,
que havia relatado a história ao
"Jornal Agora", de Divinópolis
(MG), sua base eleitoral.
A sessão não era de votação, informou o petebista. Segundo ele,
congressistas faziam discursos no
plenário. Ele também não se recordou qual tema era discutido.
Médico ginecologista e obstetra,
o deputado de 56 anos de idade
disse que, também por estar no
primeiro mandato, não estranhou a movimentação da maleta
dentro do plenário e a presença
do "senhor bem vestido" que não
era congressista.
"Na época eu pensei: isso deve
ser algum recurso para campanha
eleitoral de algum deputado. Mas,
hoje não. Você já começa a ouvir
falar. Depois, no princípio deste
ano, eu já tinha ouvido falar do
"mensalão". Aí a gente fica mais
consciente de que aquele recurso
poderia ser o "mensalão'", disse.
Grave
Izar disse que as declarações de
seu colega são "realmente graves e
ele precisa ser chamado" para depor. O requerimento para convocar o deputado vai ser colocado
em votação na terça-feira.
Por meio de sua assessora, Gonçalves Filho disse querer depor no
conselho. Anteontem, o deputado
afirmou estar disposto também a
comparecer na CPI dos Correios.
"Se tiver de prestar algum esclarecimento à CPI, eu vou sem o
menor constrangimento. Mas, se
for lá, vou como testemunha e
não como envolvido."
"Dentro do PTB teve uma reunião no gabinete de José Múcio
[PTB-PE] em que o Roberto Jefferson falou que não aceitava o
"mensalão". O Múcio disse que
também não. E o ministro [Walfrido Mares Guia, do Turismo] foi
diferente, disse que, se existisse algum "mensalão", ele sairia do
PTB", afirmou. A reunião teria
ocorrido em fevereiro deste ano.
José Múcio, segundo Izar, deverá depor na quinta-feira no Conselho de Ética.
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