São Paulo, sábado, 25 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI

Repercussão negativa do acordo com o governo leva PFL a propor instalação da comissão de inquérito a partir de 1º de agosto

Oposição recua e agora quer CPI dos Bingos

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois do protesto do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a repercussão negativa no Congresso, a oposição disse que não houve acordo para "enterrar" a CPI dos Bingos no Senado e agora quer a instalação da comissão a partir de 1º de agosto. A data será decidida na terça.
Anteontem, governo e oposição selaram um entendimento de que o momento não era oportuno para retomar o caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil flagrado em vídeo oferecendo propina para um empresário.
A CPI não havia sido instalada porque os líderes da base aliada e o então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) não indicaram os integrantes. A oposição recorreu no STF e ganhou.
Pela manhã, no plenário, Renan Calheiros negou a existência do acordo e se queixou do constrangimento perante o Supremo Tribunal Federal, que ordenou a indicação dos membros para viabilizar a instalação da comissão. O líder da minoria, senador José Jorge (PFL-PE), foi à tribuna negar o acordo: "Eu que entrei no Supremo, acham que depois vou fazer acordo para não ter CPI?" Anteontem ele também havia manifestado preocupação com o excesso de CPIs no Congresso.
Renan Calheiros reclamou do recuo da oposição. "Não tem sentido líderes entrarem no STF contra a decisão da mesa e depois fazer um acordo para que a CPI não aconteça. Se é assim tem que retirar as assinaturas do requerimento, tem que assumir isso politicamente", disse. "Da forma que está, a instituição fica exposta. Se há acordo, quero saber", cobrou.
No final do dia, o PFL soltou uma nota, falando também em nome do PSDB, defendendo a instalação da CPI dos Bingos a partir de 1º de agosto. "Exigiremos a instalação da CPI dos Bingos a partir de 1º de agosto ou tão logo encerre suas atividades a primeira das CPIs em funcionamento. É nossa decisão, já pactuada com a liderança do PSDB", diz a nota de José Agripino (PFL-RN).
"Em nenhum momento dissemos que as CPIs não seriam feitas, apenas falamos da inoportunidade de fazê-las imediatamente", disse Aloizio Mercadante (PT-SP), que afirmou que o regimento não comporta o funcionamento de tantas CPIs. Renan o interrompeu: "A decisão é política, o impedimento não é regimental".
Isolado, o líder tucano Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse: "Não houve abafa. Entendi que houve simpatia à idéia de que seria coisa demais instalar a CPI agora".


Texto Anterior: Artigo: De volta aos tempos do sabonete
Próximo Texto: Deputado que viu mala será chamado a depor
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.