|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Washeck diz que emprestar R$ 27 mil é normal
GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O empresário Arthur Washeck,
mentor da gravação que revelou
um suposto esquema de corrupção nos Correios, classificou ontem como "normal" o fato de ele
ter emprestado R$ 27 mil para o
consultor Antonio Gerardo Molina, dias antes da divulgação da fita. Washeck disse ser "uma pessoa que ajuda muita gente".
O empresário também afirmou
que sempre fez empréstimos a
amigos, até em valores mais altos,
sem esperar nada em troca. "Eu
sempre emprestei [dinheiro] para
todos os meus amigos. Eu sempre
ajudei muita gente. É normal."
O empréstimo foi revelado anteontem à CPI dos Correios pelo
sócio de Washeck, Antonio Velasco. Parlamentares desconfiam
que que os R$ 27 mil poderiam ser
o pagamento pelo processo de
chantagem contra o presidente do
PTB, Roberto Jefferson (RJ).
O deputado afirmou que Molina o tentou extorquir com a gravação na qual o ex-chefe de departamento dos Correios Maurício Marinho fala da existência de
suposto esquema de arrecadação
nas estatais para beneficiar o PTB.
Washeck disse ontem que vai
apresentar à CPI comprovantes
de outros empréstimos feitos a
amigos. No caso de Molina, o empresário disse que o amigo passava por dificuldade financeira. "O
Molina estava muito apertado."
Mas o empresário não apresentou ontem os documentos nem
detalhou como eram as condições
para esses supostos empréstimos.
"Acho que não vou receber esse
dinheiro nunca", afirmou, ao ser
questionado se o dinheiro emprestado a Molina tinha prazo para ser devolvido. Segundo ele, a
informação sobre o empréstimo
já tinha sido repassada à Polícia
Federal em Brasília, mas não foi
incluída no depoimento oficial.
A PF confirma que tinha essa informação. Teria ficado fora do depoimento porque esse dado seria
confirmado na possível quebra do
sigilo bancário do empresário,
que deve ser pedida à Justiça nas
próximas fases da investigação.
A reportagem não conseguiu localizar Molina ontem. O advogado Osmar Ferreira de Paiva, que o
defendeu quando ele estava preso
temporariamente, disse desconhecer o empréstimo. Washeck
seria ouvido ontem pelos procuradores da República no Distrito
Federal, mas o depoimento foi
transferido para o dia 11 de julho.
Texto Anterior: Ex-ministro vai ao Conselho de Ética da Câmara Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/O tesoureiro: Promotoria apura indício de sonegação fiscal de Delúbio Índice
|