São Paulo, sábado, 25 de junho de 2005

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Washeck diz que emprestar R$ 27 mil é normal

GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O empresário Arthur Washeck, mentor da gravação que revelou um suposto esquema de corrupção nos Correios, classificou ontem como "normal" o fato de ele ter emprestado R$ 27 mil para o consultor Antonio Gerardo Molina, dias antes da divulgação da fita. Washeck disse ser "uma pessoa que ajuda muita gente".
O empresário também afirmou que sempre fez empréstimos a amigos, até em valores mais altos, sem esperar nada em troca. "Eu sempre emprestei [dinheiro] para todos os meus amigos. Eu sempre ajudei muita gente. É normal."
O empréstimo foi revelado anteontem à CPI dos Correios pelo sócio de Washeck, Antonio Velasco. Parlamentares desconfiam que que os R$ 27 mil poderiam ser o pagamento pelo processo de chantagem contra o presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ).
O deputado afirmou que Molina o tentou extorquir com a gravação na qual o ex-chefe de departamento dos Correios Maurício Marinho fala da existência de suposto esquema de arrecadação nas estatais para beneficiar o PTB.
Washeck disse ontem que vai apresentar à CPI comprovantes de outros empréstimos feitos a amigos. No caso de Molina, o empresário disse que o amigo passava por dificuldade financeira. "O Molina estava muito apertado."
Mas o empresário não apresentou ontem os documentos nem detalhou como eram as condições para esses supostos empréstimos. "Acho que não vou receber esse dinheiro nunca", afirmou, ao ser questionado se o dinheiro emprestado a Molina tinha prazo para ser devolvido. Segundo ele, a informação sobre o empréstimo já tinha sido repassada à Polícia Federal em Brasília, mas não foi incluída no depoimento oficial.
A PF confirma que tinha essa informação. Teria ficado fora do depoimento porque esse dado seria confirmado na possível quebra do sigilo bancário do empresário, que deve ser pedida à Justiça nas próximas fases da investigação.
A reportagem não conseguiu localizar Molina ontem. O advogado Osmar Ferreira de Paiva, que o defendeu quando ele estava preso temporariamente, disse desconhecer o empréstimo. Washeck seria ouvido ontem pelos procuradores da República no Distrito Federal, mas o depoimento foi transferido para o dia 11 de julho.


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