São Paulo, sábado, 25 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O TESOUREIRO

Alvo de investigação da Promotoria de Buriti Alegre, interior de Goiás, seria compra de terras feita pelo pai do tesoureiro do PT

Promotoria apura indício de sonegação fiscal de Delúbio

DA AGÊNCIA FOLHA
DA REDAÇÃO

Além do inquérito instaurado nesta semana pelo Ministério Público de Goiás, para investigar suposto enriquecimento ilícito e improbidade administrativa do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, a Promotoria de Buriti Alegre (GO) apura indício de sonegação fiscal.
A base é uma denúncia veiculada pela imprensa em agosto de 2004. Segundo a Promotoria, a compra de terras de Buriti Alegre pelo pai de Delúbio, Antônio Soares de Castro, 75, foi registrada pelo valor de R$ 147 mil, mas o corretor à época disse que elas valiam em torno de R$ 800 mil.
A assessoria do PT foi procurada ontem para comentar o novo foco de investigação contra Delúbio, mas ele, que distribuiu três notas à imprensa, não comentou o caso da compra de terras.
Krebs abriu procedimento no último dia 20 para investigar as condições em que Delúbio se licenciou da Secretaria da Educação de Goiás para se dedicar à atividade sindical. O promotor vem atuando em conjunto com a titular do processo em Buriti Alegre, Mônica Fachinelli da Silva.
Em entrevista ontem, Krebs divulgou o conteúdo do depoimento do pai do tesoureiro, Antônio Soares de Castro, tomado na quarta-feira. Segundo a divulgação, Castro disse que não tinha dinheiro para comprar as terras e pediu R$ 100 mil emprestados ao filho Carlos Rubens Soares.
Para o promotor, chamou a atenção ainda o fato de Castro dizer que Delúbio mora há cerca de dez anos em São Paulo.
O promotor disse que, embora os R$ 1.020,28 líquidos da licença que Delúbio recebe não representem muito, "é preciso somar esse salário mês a mês e multiplicar pelo número de anos da eventual licença indevida".
Além de supostas irregularidades na aquisição das terras em Buriti Alegre e na licença da Secretaria de Educação, o Ministério Público de Goiás ainda investiga a compra, por Delúbio, de um Toyota Corolla modelo 2005/2005.

Outro lado
Sobre ter comprado sem financiamento o carro, no dia 31 de março deste ano, o tesoureiro diz que foi dada entrada de R$ 24 mil (valor em que foi avaliado seu Santana, ano 2003, entregue à concessionária) mais três cheques seus do Banco do Brasil: R$ 17 mil (à vista), R$ 20 mil (5/5) e R$ 10 mil (5/6) -valores especificados em nota fiscal de loja de Goiânia.
Anteontem, Delúbio desembolsou R$ 4.782,74 para pagamento de salários que recebeu, como professor (mesmo afastado há mais de dez anos), após vencimento em fevereiro deste ano da prestação de serviços para a Secretaria de Educação de Goiás.
Para justificar o volume de dinheiro desembolsado em três meses, Delúbio disse, por meio da assessoria do PT, que "sua declaração de imposto de renda comporta esses valores e que ele trabalha desde os 14 anos de idade".
Sobre a prestação de serviços como professor, disse que, por meio de portaria de maio de 2001, a então secretária estadual Raquel Figueiredo Alessandri, hoje deputada federal, havia determinado que ele "prestasse serviços, a título de colaborador, junto ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás, de 9 de fevereiro de 2001 a 8 de fevereiro de 2005".
O tesoureiro diz que, ao fim do prazo, a secretaria não expediu notificação para que ele continuasse a prestar serviços ou não. Diz que fez o reembolso após ser notificado por fax, no último dia 22, pela gerência da secretaria.
Delúbio ainda informa que seu pai, Antonio Soares de Castro, 75, entrou com representação contra os promotores Mônica Fachinelli e Fernando Krebs, por abuso de autoridade. Os procuradores negam. Seu pai foi levado por eles para depor no fórum de Buriti Alegre, na última quarta.


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