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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O TESOUREIRO
Alvo de investigação da Promotoria de Buriti Alegre, interior de Goiás, seria compra de terras feita pelo pai do tesoureiro do PT
Promotoria apura indício de sonegação fiscal de Delúbio
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REDAÇÃO
Além do inquérito instaurado
nesta semana pelo Ministério Público de Goiás, para investigar suposto enriquecimento ilícito e improbidade administrativa do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, a
Promotoria de Buriti Alegre (GO)
apura indício de sonegação fiscal.
A base é uma denúncia veiculada pela imprensa em agosto de
2004. Segundo a Promotoria, a
compra de terras de Buriti Alegre
pelo pai de Delúbio, Antônio Soares de Castro, 75, foi registrada
pelo valor de R$ 147 mil, mas o
corretor à época disse que elas valiam em torno de R$ 800 mil.
A assessoria do PT foi procurada ontem para comentar o novo
foco de investigação contra Delúbio, mas ele, que distribuiu três
notas à imprensa, não comentou
o caso da compra de terras.
Krebs abriu procedimento no
último dia 20 para investigar as
condições em que Delúbio se licenciou da Secretaria da Educação de Goiás para se dedicar à atividade sindical. O promotor vem
atuando em conjunto com a titular do processo em Buriti Alegre,
Mônica Fachinelli da Silva.
Em entrevista ontem, Krebs divulgou o conteúdo do depoimento do pai do tesoureiro, Antônio
Soares de Castro, tomado na
quarta-feira. Segundo a divulgação, Castro disse que não tinha dinheiro para comprar as terras e
pediu R$ 100 mil emprestados ao
filho Carlos Rubens Soares.
Para o promotor, chamou a
atenção ainda o fato de Castro dizer que Delúbio mora há cerca de
dez anos em São Paulo.
O promotor disse que, embora
os R$ 1.020,28 líquidos da licença
que Delúbio recebe não representem muito, "é preciso somar esse
salário mês a mês e multiplicar
pelo número de anos da eventual
licença indevida".
Além de supostas irregularidades na aquisição das terras em Buriti Alegre e na licença da Secretaria de Educação, o Ministério Público de Goiás ainda investiga a
compra, por Delúbio, de um Toyota Corolla modelo 2005/2005.
Outro lado
Sobre ter comprado sem financiamento o carro, no dia 31 de
março deste ano, o tesoureiro diz
que foi dada entrada de R$ 24 mil
(valor em que foi avaliado seu
Santana, ano 2003, entregue à
concessionária) mais três cheques
seus do Banco do Brasil: R$ 17 mil
(à vista), R$ 20 mil (5/5) e R$ 10
mil (5/6) -valores especificados
em nota fiscal de loja de Goiânia.
Anteontem, Delúbio desembolsou R$ 4.782,74 para pagamento
de salários que recebeu, como
professor (mesmo afastado há
mais de dez anos), após vencimento em fevereiro deste ano da
prestação de serviços para a Secretaria de Educação de Goiás.
Para justificar o volume de dinheiro desembolsado em três meses, Delúbio disse, por meio da assessoria do PT, que "sua declaração de imposto de renda comporta esses valores e que ele trabalha
desde os 14 anos de idade".
Sobre a prestação de serviços
como professor, disse que, por
meio de portaria de maio de 2001,
a então secretária estadual Raquel
Figueiredo Alessandri, hoje deputada federal, havia determinado
que ele "prestasse serviços, a título de colaborador, junto ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás, de 9 de fevereiro
de 2001 a 8 de fevereiro de 2005".
O tesoureiro diz que, ao fim do
prazo, a secretaria não expediu
notificação para que ele continuasse a prestar serviços ou não.
Diz que fez o reembolso após ser
notificado por fax, no último dia
22, pela gerência da secretaria.
Delúbio ainda informa que seu
pai, Antonio Soares de Castro, 75,
entrou com representação contra
os promotores Mônica Fachinelli
e Fernando Krebs, por abuso de
autoridade. Os procuradores negam. Seu pai foi levado por eles
para depor no fórum de Buriti
Alegre, na última quarta.
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