São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Lula sobrevive à dissolução do "núcleo duro"

Dirceu e Palocci, ex-homens fortes do presidente, ficarão confinados aos bastidores neste ano; Berzoini e Dilma são novos destaques

Candidato ainda ouve Tarso, Thomaz Bastos e Dulci, mas auxiliares mais próximos dizem que Lula sempre se guia pela própria cabeça

MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Novos interlocutores e auxiliares caminharão ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na formulação de estratégias para tentar alcançar um segundo mandato. Ao longo de três anos e meio, Lula assistiu, gradualmente, à queda ou ao afastamento de aliados -e amigos íntimos- de seu governo.
A crise do mensalão dinamitou o chamado "núcleo duro" do Planalto. Antes mesmo da crise, assessores do presidente foram aos poucos desligando-se do governo por descontentamento político ou críticas na condução da economia.
Dois exemplos são o empresário Oded Grajew e Frei Betto. Nenhum dos dois rompeu com Lula, mas desligaram-se do Planalto sem fazer alarde. Outra perda foi a do secretário de imprensa Ricardo Kotscho.
Os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, protagonistas da campanha de 2002 e responsáveis tanto pela construção do programa de governo quanto pela política de alianças, passarão longe desta campanha. Pelo menos oficialmente. O PT até articula apoios a Palocci para que ele se reeleja deputado federal, e Dirceu age a favor de Lula nos bastidores, muitas vezes por conta própria. Mas nenhum deles será acionado em público na campanha.
Uma análise da agenda de Lula durante os seis meses do primeiro ano de mandato e os seis meses do último mostra que Dirceu era o campeão de audiência com Lula. Outro que no início do governo tinha trânsito livre é Luiz Gushiken. Perdeu o status de ministro que tinha como secretário de Comunicação de Governo, embora siga ligado à Presidência.
Entre os novos homens, tem papel de destaque o presidente do PT, Ricardo Berzoini. Ele assume a coordenação de campanha. Nos últimos meses, intensificou os contatos com Lula. Recebeu dele missões de ampliar as negociações partidárias, já antecipando as dificuldades de coalizão e construção da maioria no Congresso.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, passou a exercer grande influência. Auxiliará Lula na formulação do programa de governo, enfatizando projetos de infra-estrutura. Também o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, tem cadeira cativa no novo núcleo do poder. Não é só o conselheiro jurídico de Lula, mas também dá opiniões políticas e palpitou em estratégias anti-crise.
Luiz Marinho (Trabalho) será um dos coordenadores da campanha e vai defender mudanças na política econômica. Lula também dá ouvidos a Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral). Mesmo cercado de novos conselheiros, os auxiliares mais próximos de Lula dizem que ele sabe ouvir, mas sempre se guia pela própria cabeça.


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