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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Lula sobrevive à dissolução do "núcleo duro"
Dirceu e Palocci, ex-homens fortes do presidente, ficarão confinados aos bastidores neste ano; Berzoini e Dilma são novos destaques
Candidato ainda ouve Tarso, Thomaz Bastos e Dulci, mas auxiliares mais próximos dizem que Lula sempre se guia pela própria cabeça
MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Novos interlocutores e auxiliares caminharão ao lado do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na formulação de estratégias para tentar alcançar um segundo mandato. Ao longo de
três anos e meio, Lula assistiu,
gradualmente, à queda ou ao
afastamento de aliados -e amigos íntimos- de seu governo.
A crise do mensalão dinamitou o chamado "núcleo duro"
do Planalto. Antes mesmo da
crise, assessores do presidente
foram aos poucos desligando-se do governo por descontentamento político ou críticas na
condução da economia.
Dois exemplos são o empresário Oded Grajew e Frei Betto.
Nenhum dos dois rompeu com
Lula, mas desligaram-se do Planalto sem fazer alarde. Outra
perda foi a do secretário de imprensa Ricardo Kotscho.
Os ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu, protagonistas da campanha de 2002 e responsáveis tanto pela construção do programa de governo
quanto pela política de alianças, passarão longe desta campanha. Pelo menos oficialmente. O PT até articula apoios a
Palocci para que ele se reeleja
deputado federal, e Dirceu age
a favor de Lula nos bastidores,
muitas vezes por conta própria.
Mas nenhum deles será acionado em público na campanha.
Uma análise da agenda de
Lula durante os seis meses do
primeiro ano de mandato e os
seis meses do último mostra
que Dirceu era o campeão de
audiência com Lula. Outro que
no início do governo tinha trânsito livre é Luiz Gushiken. Perdeu o status de ministro que tinha como secretário de Comunicação de Governo, embora siga ligado à Presidência.
Entre os novos homens, tem
papel de destaque o presidente
do PT, Ricardo Berzoini. Ele assume a coordenação de campanha. Nos últimos meses, intensificou os contatos com Lula.
Recebeu dele missões de ampliar as negociações partidárias, já antecipando as dificuldades de coalizão e construção
da maioria no Congresso.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, passou a exercer
grande influência. Auxiliará
Lula na formulação do programa de governo, enfatizando
projetos de infra-estrutura.
Também o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, tem cadeira cativa no novo núcleo do
poder. Não é só o conselheiro
jurídico de Lula, mas também
dá opiniões políticas e palpitou
em estratégias anti-crise.
Luiz Marinho (Trabalho) será um dos coordenadores da
campanha e vai defender mudanças na política econômica.
Lula também dá ouvidos a Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria
Geral). Mesmo cercado de novos conselheiros, os auxiliares
mais próximos de Lula dizem
que ele sabe ouvir, mas sempre
se guia pela própria cabeça.
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