São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Em jantar, Lula diz estar preparado para disputa em 2 turnos

Presidente reúne petistas no Alvorada e pede que evitem o salto alto na disputa, a qual espera ser a "mais dura" de todas

Candidato petista afirma que sua popularidade não deve continuar em "céu de brigadeiro" após o início da campanha na TV, em agosto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Em jantar com petistas anteontem, véspera da convenção que homologou sua candidatura à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que a campanha eleitoral deste ano será a "mais dura" por que já passou e que, mesmo diante de pesquisas que mostram seu favoritismo, o clima político não se manterá em "céu de brigadeiro" por muito tempo.
Segundo relato à Folha de participantes do encontro no Palácio do Alvorada, Lula disse que está preparado para encarar uma disputa em dois turnos, apesar de pesquisas atuais mostrarem a possibilidade de vitória petista no primeiro turno, em 1º de outubro.
Ao comentar que sua popularidade não deve continuar em "céu de brigadeiro" após o início da campanha na TV, em agosto, Lula pediu aos petistas que transmitam aos militantes a importância de evitar o salto alto na disputa por mais quatro anos no Palácio do Planalto.
Participaram do jantar os três governadores petistas -Jorge Viana (AC), Wellington Dias (PI) e Zeca do PT (MS)-, o presidente da legenda, deputado Ricardo Berzoni (SP), o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) e alguns prefeitos, como Luzianne Lins (Fortaleza) e Lindberg Farias (Nova Iguaçu), além de integrantes da direção do partido.
Após o jantar, Lula chamou Viana e Zeca para uma conversa, ao lado também da primeira-dama, Marisa Letícia. No bate-papo, que durou até por volta da meia-noite, Lula disse que a principal motivação que encontra para mais uma disputa pela Presidência é a certeza de que, somente no poder, pode resolver os problemas da miséria no país -segundo o IBGE, são cerca de 11 milhões de famílias brasileiras vivendo abaixo da linha da pobreza.
Num eventual segundo mandato, Lula afirmou aos governadores que buscará fórmulas para melhorar a inclusão social, usando o Bolsa-Família (programa de transferência de renda). "A inclusão social é a grande máquina motivadora do Lula para encarar as denúncias, as falhas de governo e as alianças desidratadas. O presidente disse que acha que a melhor forma de fazer inclusão e reduzir a miséria é estar dentro do governo", disse ontem o governador acreano.
O PT já se prepara para uma eventual subida do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) nas pesquisas quando a campanha começar para valer. Dirigentes do partido avaliam que, se os tucanos encerrarem o que um petista qualificou de a "inacreditável série de erros" que vêm cometendo, Alckmin poderá estreitar um pouco a diferença para Lula e forçar um segundo turno.
Por isso, o partido deve fechar na semana que vem com dois institutos de pesquisas para fazer pesquisas qualitativas e quantitativas para balizar a campanha, incluindo uma modalidade inovadora -trackings diários feitos com entrevistas em rua, e não por telefone.
Ontem, Lula chegou às 11h50 para o evento, num clube de Brasília. A convenção foi aberta com show do grupo afro Ilê-Aiê e do bandolinista Hamilton de Holanda. O mestre-de-cerimônias, o ator Celso Frateschi, fez ataques indiretos a Alckmin e a líderes do PFL. "O povo é sábio, o povo já escolheu. O povo não quer filhinho de papai, nem quer coronel."
(EDUARDO SCOLESE, FÁBIO ZANINI, FERNANDA KRAKOVICS, KENNEDY ALENCAR, VALDO CRUZ E MALU DELGADO)

Texto Anterior: Elio Gaspari: Adele vai para a Trilha Paulo Francis
Próximo Texto: Eleições 2006/Presidência: Lula sobrevive à dissolução do "núcleo duro"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.