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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Em jantar, Lula diz estar preparado para disputa em 2 turnos
Presidente reúne petistas no Alvorada e pede que evitem o salto alto na disputa, a qual espera ser a "mais dura" de todas
Candidato petista afirma que sua popularidade não deve continuar em "céu de brigadeiro" após o início da campanha na TV, em agosto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Em jantar com petistas anteontem, véspera da convenção
que homologou sua candidatura à reeleição, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva admitiu
que a campanha eleitoral deste
ano será a "mais dura" por que
já passou e que, mesmo diante
de pesquisas que mostram seu
favoritismo, o clima político
não se manterá em "céu de brigadeiro" por muito tempo.
Segundo relato à Folha de
participantes do encontro no
Palácio do Alvorada, Lula disse
que está preparado para encarar uma disputa em dois turnos, apesar de pesquisas atuais
mostrarem a possibilidade de
vitória petista no primeiro turno, em 1º de outubro.
Ao comentar que sua popularidade não deve continuar em
"céu de brigadeiro" após o início da campanha na TV, em
agosto, Lula pediu aos petistas
que transmitam aos militantes
a importância de evitar o salto
alto na disputa por mais quatro
anos no Palácio do Planalto.
Participaram do jantar os
três governadores petistas
-Jorge Viana (AC), Wellington
Dias (PI) e Zeca do PT (MS)-,
o presidente da legenda, deputado Ricardo Berzoni (SP), o
ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) e alguns
prefeitos, como Luzianne Lins
(Fortaleza) e Lindberg Farias
(Nova Iguaçu), além de integrantes da direção do partido.
Após o jantar, Lula chamou
Viana e Zeca para uma conversa, ao lado também da primeira-dama, Marisa Letícia. No
bate-papo, que durou até por
volta da meia-noite, Lula disse
que a principal motivação que
encontra para mais uma disputa pela Presidência é a certeza
de que, somente no poder, pode resolver os problemas da
miséria no país -segundo o IBGE, são cerca de 11 milhões de
famílias brasileiras vivendo
abaixo da linha da pobreza.
Num eventual segundo mandato, Lula afirmou aos governadores que buscará fórmulas
para melhorar a inclusão social, usando o Bolsa-Família
(programa de transferência de
renda). "A inclusão social é a
grande máquina motivadora
do Lula para encarar as denúncias, as falhas de governo e as
alianças desidratadas. O presidente disse que acha que a melhor forma de fazer inclusão e
reduzir a miséria é estar dentro
do governo", disse ontem o governador acreano.
O PT já se prepara para uma
eventual subida do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB)
nas pesquisas quando a campanha começar para valer. Dirigentes do partido avaliam que,
se os tucanos encerrarem o que
um petista qualificou de a "inacreditável série de erros" que
vêm cometendo, Alckmin poderá estreitar um pouco a diferença para Lula e forçar um segundo turno.
Por isso, o partido deve fechar na semana que vem com
dois institutos de pesquisas para fazer pesquisas qualitativas
e quantitativas para balizar a
campanha, incluindo uma modalidade inovadora -trackings
diários feitos com entrevistas
em rua, e não por telefone.
Ontem, Lula chegou às 11h50
para o evento, num clube de
Brasília. A convenção foi aberta
com show do grupo afro Ilê-Aiê
e do bandolinista Hamilton de
Holanda. O mestre-de-cerimônias, o ator Celso Frateschi, fez
ataques indiretos a Alckmin e a
líderes do PFL. "O povo é sábio,
o povo já escolheu. O povo não
quer filhinho de papai, nem
quer coronel."
(EDUARDO SCOLESE, FÁBIO ZANINI,
FERNANDA KRAKOVICS, KENNEDY ALENCAR, VALDO CRUZ E MALU DELGADO)
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