São Paulo, quarta-feira, 25 de julho de 2001

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ALIANÇA SOB PRESSÃO

Reunião de Comissão Representativa e apelo de líderes devem engrossar tese da renúncia à presidência

Partidos apertam o cerco político a Jader

THOMAS TRAUMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

ROBERTO COSSO
DA SUCURSAL DE BRASILIA

Aumentou o cerco político ao presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA). Hoje pela manhã, o colégio de líderes do Senado discute proposta para que os partidos peçam que Jader renuncie da presidência da Casa.
Para a tarde está marcada reunião da Comissão Representativa do Congresso, que foi convocada à revelia de Jader e está inclinada a autorizar investigações sobre 14 denúncias contra o senador -inclusive com apoio de governistas.
A oposição também protocolou ontem mais um pedido de investigação no Conselho de Ética do Senado e há ainda uma frente contra o senador dentro de seu partido: a chamada ala "ética" do PMDB discute proposta de expulsar Jader da legenda (leia abaixo).

Manobra jurídica
A convocação da Comissão Representativa é resultado de manobra jurídica da oposição. O presidente da comissão é o próprio Jader, que não se manifestou sobre 14 requerimentos apresentados desde 1º de julho.
Aproveitando a ausência de Jader, o vice-presidente da comissão, deputado Nilton Capixaba (PTB-RO), convocou a reunião. Capixaba, 39, está no primeiro mandato. Nasceu em Minas, viveu 28 anos no Espírito Santo e está há dez anos em Rondônia.
O presidente interino do Senado, Edison Lobão (PFL-MA), foi contra a convocação. Ele acredita que também herdou a presidência da comissão com a licença de Jader. Mas a oposição obteve parecer do secretário-geral da Mesa da Câmara, Mozart Vianna, em apoio à tese de que é Capixaba quem deve assumir.
Isso porque Jader afastou-se da presidência do Senado, mas permanece como senador -portanto, como presidente da comissão. Na sua ausência, o vice poderia convocar reunião e a presidir.
Para Lobão, Nilton Capixaba está sendo movido pela vaidade. O senador afirmou que tem um parecer jurídico do Senado que diz que é ele (Lobão) o presidente da comissão representativa.
Caso a comissão se reúna hoje, apreciará, por exemplo, pedidos para obter o relatório do Banco Central que acusa Jader de se beneficiar de desvios do Banpará.

Apelo no colégio
A reunião do colégio de líderes em princípio foi marcada para definir temas de votações, numa tentativa de tirar o foco de Jader.
Mas, segundo o senador Jefferson Peres (PDT-AM), existe "consenso partidário" para que seja pedida a renúncia de Jader da presidência do Senado. "Será um apelo, uma recomendação para que o senador deixe a presidência", disse Peres.
A Folha apurou que PFL e PSDB vêem o "apelo" com simpatia, mas aguardam a posição do PMDB -partido que, em tese, fará o substituto de Jader.
Ontem, a oposição apresentou pedido de investigação no Conselho de Ética baseado em quatro reportagens. Duas são consideradas mais comprometedoras: a da revista "IstoÉ", que revelou um suposto pedido de US$ 5 milhões para a liberação de um financiamento da Sudam, e a da Folha, que, em 20 de julho, revelou que Jader mentiu ao Senado sobre como declarou ao Fisco a aquisição de uma fazenda.
O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), atual presidente do conselho, disse ontem que dará prosseguimento aos requerimentos que se refiram a supostas irregularidades praticadas por Jader no exercício de seu mandato.


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