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Serra critica estratégia de separar
o governo federal da crise do PT
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia em que a pesquisa Datafolha lhe deu empate técnico com
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) num suposto segundo
turno da eleição presidencial, o
prefeito de São Paulo, José Serra
(PSDB), aumentou o tom de suas
críticas e atacou a estratégia de
bastidores que tenta dissociar o
governo federal da crise petista.
"Está se criando no lado do PT e
do governo uma ilusão de que é
possível separar o governo do que
está acontecendo com o partido",
afirmou o tucano.
"Mas estamos vendo com toda
clareza que o PT [ao assumir a
Presidência] passou a usar o governo como se fosse coisa sua. Para dinheiro, para nomeações e até
para decisões a respeito do que fazer no Brasil. Mas [essa separação] não é nada mais do que uma
grande ilusão. A população vai se
dar conta das responsabilidades
no seu conjunto", afirmou Serra,
que é hoje o adversário mais forte
de Lula numa projeção para a
eleição presidencial de 2006.
Pesquisa Datafolha divulgada
ontem pela Folha mostra o tucano com 41% das intenções de voto, contra 45% do petista, em uma
das simulações. Como a margem
de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos,
eles estão em empate técnico.
O governo federal vem tentando dissociar seus integrantes da
crise que abateu o PT após as denúncias do "mensalão". Tenta
montar um cordão de isolamento
em volta de Lula.
Apesar de o petista continuar
bem avaliado (o presidente é ótimo ou bom para 35% dos 2.110
entrevistados), a pesquisa revela
que seu capital político e sua imagem pessoal começam a dar mostras de desgaste, 48 dias após o
início da crise.
Em meio a uma disputa silenciosa dentro do PSDB para definir
quem será o adversário do PT na
eleição de 2006, Serra tem insistido nos últimos dias que o momento não é de pensar na candidatura presidencial.
Sobre o empate técnico com Lula, diz que é um "resultado gratificante", mas que "pesquisa é uma
coisa, e candidatura são outros
quinhentos".
O tucano não quis comentar os
rumores sobre um eventual processo de impeachment contra Lula. "Essa é uma especulação que se
eu disser um palpite vão dizer que
eu estou desejando [que isso
ocorra]. Mas o fato é que não se
sabe ainda onde é que as investigações vão chegar", afirmou.
Mas ele fez questão de não isentar Lula de eventuais responsabilidade sobre o caso do "mensalão". "Acho que o presidente Lula
não apareceu diretamente vinculado [às denúncias], mas também
não foi isento ainda daquilo que
aconteceu", afirmou.
As declarações de José Serra foram feitas ontem de manhã, durante visita às obras de um conjunto habitacional na zona leste
de São Paulo, tradicional reduto
eleitoral petista.
O prefeito tucano ainda disse
que o país vive um momento difícil, tenso, e que é muito importante que as investigações continuem
de forma aberta para que se chegue a uma conclusão sobre os responsáveis pelo suposto esquema
e que se punam os culpados. "Essa seria a melhor maneira de dar
estabilidade política ao país."
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