São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2005

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Serra critica estratégia de separar o governo federal da crise do PT

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia em que a pesquisa Datafolha lhe deu empate técnico com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) num suposto segundo turno da eleição presidencial, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), aumentou o tom de suas críticas e atacou a estratégia de bastidores que tenta dissociar o governo federal da crise petista.
"Está se criando no lado do PT e do governo uma ilusão de que é possível separar o governo do que está acontecendo com o partido", afirmou o tucano.
"Mas estamos vendo com toda clareza que o PT [ao assumir a Presidência] passou a usar o governo como se fosse coisa sua. Para dinheiro, para nomeações e até para decisões a respeito do que fazer no Brasil. Mas [essa separação] não é nada mais do que uma grande ilusão. A população vai se dar conta das responsabilidades no seu conjunto", afirmou Serra, que é hoje o adversário mais forte de Lula numa projeção para a eleição presidencial de 2006.
Pesquisa Datafolha divulgada ontem pela Folha mostra o tucano com 41% das intenções de voto, contra 45% do petista, em uma das simulações. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, eles estão em empate técnico.
O governo federal vem tentando dissociar seus integrantes da crise que abateu o PT após as denúncias do "mensalão". Tenta montar um cordão de isolamento em volta de Lula.
Apesar de o petista continuar bem avaliado (o presidente é ótimo ou bom para 35% dos 2.110 entrevistados), a pesquisa revela que seu capital político e sua imagem pessoal começam a dar mostras de desgaste, 48 dias após o início da crise.
Em meio a uma disputa silenciosa dentro do PSDB para definir quem será o adversário do PT na eleição de 2006, Serra tem insistido nos últimos dias que o momento não é de pensar na candidatura presidencial.
Sobre o empate técnico com Lula, diz que é um "resultado gratificante", mas que "pesquisa é uma coisa, e candidatura são outros quinhentos".
O tucano não quis comentar os rumores sobre um eventual processo de impeachment contra Lula. "Essa é uma especulação que se eu disser um palpite vão dizer que eu estou desejando [que isso ocorra]. Mas o fato é que não se sabe ainda onde é que as investigações vão chegar", afirmou.
Mas ele fez questão de não isentar Lula de eventuais responsabilidade sobre o caso do "mensalão". "Acho que o presidente Lula não apareceu diretamente vinculado [às denúncias], mas também não foi isento ainda daquilo que aconteceu", afirmou.
As declarações de José Serra foram feitas ontem de manhã, durante visita às obras de um conjunto habitacional na zona leste de São Paulo, tradicional reduto eleitoral petista.
O prefeito tucano ainda disse que o país vive um momento difícil, tenso, e que é muito importante que as investigações continuem de forma aberta para que se chegue a uma conclusão sobre os responsáveis pelo suposto esquema e que se punam os culpados. "Essa seria a melhor maneira de dar estabilidade política ao país."


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