São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2005

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Conselho Fiscal abre investigação de contratos assinados pela Previ

FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Conselho Fiscal da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, vai passar um pente-fino nos contratos firmados pela entidade. A investigação foi detonada pela entrevista publicada na edição de ontem da Folha com Henrique Pizzolato, ex-presidente do Conselho Deliberativo da Previ e ex-diretor de marketing do Banco do Brasil.
Dentre os contratos vasculhados, dois serão tratados com especial cuidado. O primeiro foi assinado com o Citigroup. Prevê que, até o final de 2007, o fundo de pensão comprará a parte do banco na Brasil Telecom e na Telemar por R$ 1,3 bilhão. O valor, segundo analistas, é 300% acima do que valem as ações no mercado.
O outro documento que deverá ser explicado ao Conselho Fiscal refere-se à prestação de serviços à Previ pela advogada Mônica Góes, que atua em juizados de pequenas causas. O acordo seria superior a R$ 2 milhões. No dia 19, Mônica teve a quebra de sigilo bancário e telefônico requerida na CPI dos Correios.
Na entrevista à Folha, Pizzolato afirmou que a atual diretoria da Previ desrespeita o Conselho e firma contratos sem levar ao conhecimento de todos.
O motivo, segundo ele, seria atender a interesses políticos do governo federal. Para Pizzolato, o chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos, Luiz Gushiken, interfere nas decisões relativas aos fundos de pensão.
A Previ deverá se manifestar sobre as declarações de Pizzolato apenas hoje. O mesmo acontece com o Citigroup. Procurado pela reportagem, Gushiken manteve o que tem dito sistematicamente - o ex-ministro nega qualquer gestão nas entidades de previdência. A advogada Mônica Góes não foi encontrada pela reportagem da Folha.
A nova reunião do Conselho Fiscal deve ocorrer na primeira semana de agosto. Pizzolato deverá ser chamado a depor. Na última semana, os conselheiros se encontraram para discutir uma série de possíveis irregularidades envolvendo a gestão do fundo e a conduta de seus dirigentes.
Pizzolato tem ocupado as páginas de jornais por ter ordenado a um contínuo da Previ um saque no Banco Rural de R$ 327 mil. O dinheiro veio da DNA Propaganda. Dias depois, Pizzolato comprou um apartamento, fazendo parte da quitação em dinheiro.
Além disso, o ex-diretor do BB é acusado de usar o cartão corporativo da Previ para assinar sites pornográficos e de, no ano passado, usar dinheiro do BB para realizar um show cujo objetivo era angariar fundos para o PT.
Ambos os assuntos estão sob a análise do Conselho Fiscal.


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