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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT NO DIVÃ
Os escândalos políticos envolvendo o PT e partidos da base aliada estão minando os palanques arquitetados pelo presidente
Crise ameaça alianças de Lula para 2006
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise política fez implodir os
palanques arquitetados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
seus pares para 2006. Antes do escândalo do "mensalão", interessado na solidez de sua campanha
à reeleição, Lula se dedicava à já
difícil construção de candidaturas
que reunissem todos os aliados
nos Estados. Agora, seja pelo desgaste do PT ou pela animosidade
na base, o projeto está na gaveta.
Lula corre o risco de ficar sem
palanque, por exemplo, no reduto
do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PSB). No Ceará,
ele deverá reeditar a aliança com o
tucano Tasso Jereissati.
Pelos planos originais, os partidos aliados a Lula apoiariam a
eleição do ex-prefeito Cid Gomes
ao governo. Mas o próprio ministro tem sugerido ao irmão que reflita bem e defende a coligação
com o PSDB, possivelmente pela
reeleição de Lúcio Alcântara. Lá, a
imagem do PT saiu arranhada
com a prisão de um militante com
R$ 437 mil em dinheiro vivo.
Na Paraíba, a crise abortou o
processo de filiação do governador Cássio Cunha Lima ao PTB,
origem do escândalo. Agora, deverá ficar no PSDB e liderar uma
chapa que inclui PL, PP e PTB.
Em Pernambuco, sua terra natal, Lula pode ver dois ex-ministros em campos opostos. O ex-ministro da Ciência e Tecnologia
Eduardo Campos deverá disputar
com o PT -possivelmente com o
ex-ministro da Saúde Humberto
Costa- o governo do Estado. Segundo Campos, é "forte" a probabilidade de concorrer. "PT e PSB
estarão unidos em alguns Estados, mas brigaremos em outros.
Somos aliados. Mas não somos
iguais", avisa Campos.
São Paulo é um exemplo típico
do efeito da crise no cenário nacional. Líder do PSB na Câmara,
Renato Casagrande (ES) até admite a possibilidade de o partido
se aliar aos petistas no Estado, "se
o PT não ficar todo contaminado,
né? Porque, do jeito que está indo,
talvez não sobre ninguém".
O secretário-geral do PTB, Luiz
Antônio Fleury Filho, também
lança dúvidas sobre a hipótese de
o partido se unir ao PT no Estado.
"Está ficando cada vez mais difícil. O PTB nunca foi ligado ao PT.
Para a prefeitura, foi quase uma
intervenção federal", afirma.
No Rio, domicílio eleitoral de
Roberto Jefferson (PTB), autor
das denúncias do "mensalão", a
hipótese de aliança está enterrada.
"Acho que o partido vai ficar mais
exigente no debate de alianças",
diz o presidente estadual do PT,
Gilberto Palmares.
No Rio Grande do Sul, Estado
de rivalidade com o PMDB, a negociação do PT era com o senador
petebista Sérgio Zambiasi. "Começa da estaca zero o debate", lamenta o deputado Mauro Dias.
No Paraná, Estado do tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, o governador Roberto Requião (PMDB) tem feito severas
críticas ao governo federal, a ponto de chamar a reforma ministerial de Lula de "mensalão do
PMDB". No Estado -onde o PSB
já dá apoio ao PSDB- a base periga chegar a 2006 em frangalhos.
No Amapá, o senador João Capiberibe (PSB) deverá concorrer
ao governo num discurso anticorrupção, inclusive contra o PT local. "E pensar que já me dei o trabalho de procurar o José Dirceu
[ex-ministro da Casa Civil] e o Silvio Pereira [ex-secretário-geral do
PT] para alertar para irregularidades do PT no Estado."
Em Rondônia, palco de crise
política com a denúncia de compra de votos na Assembléia, o PT
negociava com o PTB uma aliança. "Antes da crise, estávamos
com o governo na mão", diz o deputado Anselmo de Jesus (PT-RO), queixando-se ainda da suspensão das conversas com o PTB.
Aliados e adversários concordam que, com as investigações, é
prematuro falar em 2006 antes do
desfecho da crise nacional. "A
gente tem que ver o que sobra",
diz Casagrande, do PSB.
E, com tanto atrito, seria mais
fácil listar os Estados onde há
chance de acordo. É o caso do Espírito Santo, onde a candidatura
de Paulo Hartung pode unir
PSDB e PT. A nomeação de dois
peemedebistas mineiros para o
ministério de Lula animou os petistas dispostos a tirar os partidos
aliados da base do governador
Aécio Neves (PSDB).
"Em Minas, vamos buscar a
unidade. E a escolha de dois mineiros ajuda", aposta o deputado
Odair Cunha (PT-MG). Muitos
duvidam. É esperar para ver.
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