São Paulo, segunda, 25 de agosto de 1997.



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NO AR
A manipulação

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local Ainda não foi desta vez. Armando Nogueira, "o homem que sabe demais", na descrição do programa Vitrine, da Cultura, ainda guarda o que sabe.
Foi o diretor de jornalismo da Globo do golpe de 64 (ou desde a criação da Globo, em seguida) até a primeira eleição presidencial.
Na Cultura, Nogueira fez afirmações que mais uma vez apresentam uma história abrandada da Globo no regime militar.
Um exemplo: "não havia tradição de telejornalismo no Brasil". Não só havia como a Globo recebeu, no que foi talvez o maior golpe na Tupi, o Repórter Esso.
A transferência jamais foi justificada e logo depois o Repórter Esso transformava-se no Jornal Nacional (Nacional de banco Nacional, de Magalhães Pinto, patrocinador da Globo e do regime), iniciando a integração do país sonhada pelos militares.
Outro exemplo, da célebre edição do debate de 89:
- Na edição Collor-Lula eu fui um marido enganado. O cara que dirigia a área fez modificações à revelia do próprio empresário. Fez aquela manipulação por uma jogada pessoal, porque era muito ligado ao Collor.
Armando Nogueira diz que a manipulação foi feita à revelia de Roberto Marinho. Mas o "cara" que manipulou "por capricho pessoal" o debate terminou, meses depois, no lugar do próprio Armando Nogueira, escolhido por Roberto Marinho.
Era Alberico Souza Cruz, que cairia depois -com a queda de Collor.
Mas a entrevista não foi tempo perdido. Por exemplo, na avaliação de Nogueira sobre o oficialismo da televisão, entra e sai governo:
- No país em que vivemos, a concessão de canais ainda é uma coisa de que a sociedade não participa... A televisão está intimamente ligada ao poder dominante.
Entra e sai Fernando.



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