São Paulo, domingo, 25 de agosto de 2002
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Na terra de Getúlio, Ciro tenta fortalecer verniz trabalhista
Aliado a lideranças do PFL, candidato visita túmulo de presidente em busca de "inspiração" EDUARDO SCOLESE DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO BORJA (RS) No momento em que sua candidatura ao Planalto vem sendo dominada por partidos e por representantes identificados com a direita, Ciro Gomes (PPS) visitou ontem o túmulo do presidente Getúlio Vargas, em São Borja (RS), em uma tentativa de reforçar o verniz trabalhista que tenta imprimir à sua coligação. São Borja (650 km de Porto Alegre), na divisa do país com a Argentina, é a terra natal de Vargas e do presidente João Goulart. O dia 24 de agosto é considerado uma das datas mais importantes para o trabalhismo. Há 48 anos, Vargas se suicidou no Rio de Janeiro. Seu corpo está enterrado em São Borja, ao lado do de João Goulart e do de Neuza Brizola, mulher do presidente do PDT, Leonel Brizola, aliado de Ciro. De grande carga simbólica, a visita ao local acontece uma semana após o anúncio da entrada na campanha do PPS do economista José Alexandre Scheinkman, que lecionou por décadas em Chicago (EUA), considerado o principal centro do pensamento liberal. Apesar de classificar sua candidatura como de "centro-esquerda" e de ter batizado sua aliança com o PTB e com o PDT de Frente Trabalhista, Ciro tem também hoje a seu lado na disputa setores do PFL de Antonio Carlos Magalhães e de Jorge Bornhausen. Inspiração "Getúlio Vargas é o pioneiro da indústria e da legislação social no Brasil. Um homem que fez política como poucos. É um momento de grande inspiração para mim", declarou Ciro ao desembarcar na cidade no final da manhã. O presidenciável também comentou rumores na região a respeito da fusão entre PPS, PDT e PTB após a eleição. O novo partido, segundo lideranças presentes ao evento, seria batizado de Partido Trabalhista Nacional. "Temos compromisso com o novo trabalhismo. A Frente Trabalhista é o embrião de um movimento para além dos partidos, que vai envolver o sindicalismo brasileiro, profissionais liberais e intelectuais para oferecer ao povo uma nova ferramenta de participação", afirmou. Britto A visita de Ciro ao Rio Grande do Sul também foi a primeira após a turbulência causada pelo veto de Brizola à indicação de Antônio Britto (PPS) para a disputa do governo gaúcho. Apesar de ter quase inviabilizado a aliança, o episódio foi superado. Alegando priorizar a candidatura da Frente ao Planalto, o pedetista recuou. Britto hoje disputa a sucessão em um quadro polarizado com o petista Tarso Genro. Brizola e Britto estiveram ao lado de Ciro na visita de ontem. O encontro entre os dois foi marcado pela troca recíproca de elogios. Acompanhado também de seu vice, o sindicalista Paulo Pereira da Silva (PTB), o Paulinho, do líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, e da namorada, a atriz Patrícia Pillar, Ciro discursou por cerca de dez minutos em frente ao túmulo de Getúlio. Em sua fala, disse que o presidente foi "um grande homem" por ter conseguido "enfrentar as oligarquias". "O barulho dos comícios, às vezes, é bom ficar de lado. Este é um momento alto para a minha alma", completou. O presidenciável evitou comentar os ataques entre ele e José Serra (PSDB). ""Não me arrasta para a lama, que eu estou trabalhando. Não estou interessado em entrar na lama", limitou-se a dizer. Foi Paulinho, entretanto, quem manteve o tom das ameaças feitas por Ciro ao tucano na quinta-feira. "O Serra está pedindo para apanhar", declarou. Roberto Jefferson foi ainda mais longe, sugerindo a necessidade de agressões físicas contra o tucano. "Serra está enlouquecendo. Ou pára ou vamos partir para o confronto pessoal", afirmou. "Ele usa o poder para nos atacar. Merece umas bolachas. Tem que tomar umas orelhadas. Já estão sendo programados os seus pescoções." Texto Anterior: Publicação: Segundo "Sinapse" circula na terça Próximo Texto: Frase Índice |
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