São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"

Em audiência a portas fechadas, dirigentes pedem a deputados proteção de informações

Fundos pedem que CPI evite divulgação de dado bancário

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os dirigentes dos três grandes fundos de pensão (Previ, Petros e Funcef) afirmaram ontem, depois de uma audiência a portas fechadas na CPI do Mensalão, que a quebra do sigilo bancário não será um problema desde que as informações sejam protegidas pelos integrantes das comissões parlamentares de inquérito.
"Se for essa a medida que as CPIs entendam ser a mais adequada, vamos colaborar da melhor forma possível. Mas alertamos para que [a quebra de sigilo] seja feita de maneira técnica, profissional e que essas informações sejam protegidas, porque são informações comerciais relevantes para os negócios das entidades", afirmou o presidente da Previ, Sergio Rosa.
Além da investigação na CPI do Mensalão, a CPI dos Correios aprovou ontem a quebra de sigilo das movimentações financeiras e das aplicações de três dos maiores fundos de pensão do país -Funcef, Petros e Geap- nos bancos Rural e BMG.
Os representantes dos fundos de pensão negaram também manter alguma relação com as empresas do publicitário Marcos Valério de Souza ou com o desvio de dinheiro para campanha do PT e de partidos da base aliada.
"Os fundos de pensão não participaram de nenhum esquema de corrupção", afirmou Wagner Pinheiro, da Petros.
"Gestor de fundo de pensão é mais fiscalizado e punido do que banqueiro", afirmou o presidente da Funcef, Guilherme de Lacerda.
O deputado do PFL Rodrigo Maia (RJ) disse que há suspeitas de que os fundos de pensão realizavam operações com títulos públicos nas quais amargavam perdas, de forma intencional, com determinadas corretoras de valores. O prejuízo dos fundos era o ganho dessas corretoras.
De acordo com o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), esse dinheiro arrecadado poderia ser desviado para alimentar o esquema do "mensalão".

Outro lado
A Previ informou que não negocia títulos por meio de corretoras, somente por intermédio da BB DTVM (do Banco do Brasil) ou pela Cetipnet, um sistema eletrônico de compra e venda de papéis.
Informou também que não tem mais investimentos (CDBs) nem no Banco Rural (desde dezembro de 2004) nem no BMG (desde fevereiro deste ano).
A Funcef informou também que não tem dinheiro aplicado em nenhum dos dois bancos desde o ano passado.
Já a Petros disse não ter investimentos diretos no Banco Rural, somente por intermédio de administradores terceirizados, que gerem parte dos recursos do fundo de pensão. No BMG, informou que tem R$ 10 milhões em Certificados de Crédito Bancário.
Por meio de nota, a diretora-executiva da Geap (Fundação de Seguridade Social), Regina Ribeiro Parizi Carvalho, informou que a "entidade não tem aplicações financeiras no Banco Rural nem no Banco BMG desde 1999, fatos esses que poderão ser facilmente comprovados com as prestações de contas e balancetes apresentados à Secretaria de Previdência Complementar".
Amanhã, a CPI do Mensalão deve aprovar requerimento para que os dirigentes dos três fundos de pensão sejam ouvidos novamente, na quarta-feira da semana que vem, em uma audiência aberta para a imprensa.


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