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Anfitrião de Lula pode ser cassado
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O Ministério Público Eleitoral
pediu a cassação, no início deste
mês, do diploma e do mandato do
prefeito de Quixadá (CE), Ilário
Marques (PT), que receberá hoje
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em seu município para o
lançamento de um programa de
desenvolvimento sustentável.
A principal prova contra Marques, segundo o Ministério Público, é uma gravação, feita por uma
câmera escondida, em que ele
aparece autorizando a doação de
um enxoval a uma eleitora grávida, em plena campanha eleitoral.
De acordo com o parecer do
promotor Nelson Ricardo Monteiro, da Justiça Eleitoral de Quixadá (170 km de Fortaleza), a gravação, em vídeo e DVD, foi periciada por uma equipe da Polícia
Federal e não há fraude.
Como a filmagem foi feita com a
autorização de um dos envolvidos
-a eleitora-, poderá ser usada
como prova, segundo o parecer.
A defesa de Marques baseia-se
no fato de que a gravação foi feita
sem seu consentimento, tornando-se uma prova ilícita. Ontem à
tarde, a Folha procurou o prefeito, mas ele não foi encontrado.
A Folha apurou que a gravação
foi feita com a ajuda de integrantes da campanha de oposição a
Marques. A eleitora Francisca
Valdélia da Silva contou a tucanos
que deixaria de votar no candidato José Nilson Gomes Filho
(PSDB) porque havia recebido a
promessa de que ganharia um enxoval do petista e que o receberia
em casa no dia seguinte.
Sabendo disso, foi montado um
sistema de filmagem, com uma
câmera escondida. Durante a visita, quando a eleitora perguntou a
Marques se ele cumpriria mesmo
a promessa de dar o enxoval, o então candidato a autorizou a comprá-lo. Para isso, ele a orientou a
procurar uma assessora sua na
própria sede da prefeitura.
Caso da cueca
Marques está em seu terceiro
mandato como prefeito. Quando
deputado estadual, teve como um
de seus assessores o hoje também
deputado José Nobre Guimarães
(PT), irmão do ex-presidente nacional do PT José Genoino.
Guimarães, que também deverá
estar no palanque do presidente
Lula amanhã, aparece em denúncias de recebimento de dinheiro
ilegal por meio das empresas de
Marcos Valério e também no escândalo dos dólares encontrados
na cueca de seu ex-assessor José
Adalberto Vieira da Silva.
Marques trabalhou ainda com o
ex-assessor especial do BNB Kennedy Moura, que também é investigado no caso da cueca. Moura
foi secretário de Finanças do município durante seu primeiro
mandato (1993 a 1996).
No pedido de cassação ainda é
incluído o vice-prefeito, Cristiano
Maciel de Góes (PT).
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