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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ CONEXÃO RIBEIRÃO
Defensor do ex-assessor de Palocci diz que depoimento à polícia foi prestado sob pressão
Advogado de Buratti sugere que ele pode recuar na CPI
HUDSON CORRÊA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Ex-assessor do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), Rogério Tadeu Buratti, 42, decidiu
depor hoje na CPI dos Bingos no
Senado para explicar aos senadores o que ele "quis dizer" quando
prestou o primeiro depoimento à
Polícia Civil de Ribeirão Preto.
A confirmação do depoimento
foi feita ontem pelo presidente da
CPI, senador Efraim Morais
(PFL-PB), e pelo advogado de Buratti, Roberto Telhada, que aproveitou para desqualificar o depoimento de seu cliente prestado na
semana passada, em Ribeirão.
"Eu desqualifico completamente aquele depoimento, que foi
prestado em condições absolutamente impraticáveis, desfavoráveis", afirmou Telhada, dando a
entender que Buratti pode mudar
as versões apresentadas em seu
primeiro depoimento.
Segundo o advogado, Buratti
depôs sob pressão, algemado e
com o uniforme de presidiário.
Sem entrar em detalhes, Telhada
disse que "naquele momento que
ele falou lá [em Ribeirão Preto],
aquilo não é maneira de um ser
humano tratar de assunto dessa
magnitude. Agora vai explicar o
que ele quis dizer. Se é que falou
daquele jeito. Terá oportunidade
de explicar linha a linha o que ele
quis dizer com aquilo."
Buratti afirmou na Polícia Civil
que a empresa Leão Leão, da área
de coleta de lixo, pagava R$ 50 mil
de propina por mês em 2001 e
2002 a Palocci, então prefeito de
Ribeirão. Em 1993 e 1994, na primeira gestão do ministro, Buratti
foi secretário de Governo. Em entrevista no último domingo, Palocci negou a acusação de Buratti.
A CPI suspeita que, no governo
Lula, Buratti atuava como lobista
em favor de empresários. Por isso
os senadores convocaram, anteontem, o chefe-de-gabinete de
Palocci, Juscelino Dourado, que
seria o contato de Buratti na intermediação com os empresários.
Telhada disse ainda acreditar
que, na CPI, Buratti poderá depor
com calma. "Apesar da dureza
dos integrantes da CPI, em nenhum momento [no seu primeiro
depoimento à comissão] ele foi
coagido e ameaçado. Foi tratado
com respeito", afirmou.
A CPI havia marcado para ontem o depoimento. Buratti apresentou atestado. "Ele está abatido
sob o impacto de tudo isso. Fez
eletrocardiograma para ver se tinha problema cardíacos e outros
exames. Mas, se Deus quiser,
amanhã [hoje], mesmo contundido, ele estará aí para acabar com
essa pressão", disse o advogado.
Efraim Morais, após receber a
informação de que Buratti não
compareceria ontem, remarcou o
depoimento para hoje.
Antes de Buratti depor em Ribeirão, Telhada chegou a desistir
de defender seu cliente. "Eu realmente me afastei do caso porque
não concordei com o que ocorreu
em Ribeirão Preto", disse. Ao ser
indagado sobre o retorno do advogado, Efraim Morais foi lacônico. "Acho estranho, só isso."
"Na segunda-feira, ele [Buratti]
me procurou e me pediu que pelo
menos eu o acompanhasse na
CPI, porque não teria tempo para
contratar outro advogado que pudesse se inteirar de caso", acrescentou o advogado.
Telhada disse ontem que pode
não continuar no caso. Vai esperar o depoimento na CPI "para
ver se [Buratti] reenquadra-se nos
princípios [do advogado] ou se
prefere continuar num caminho
determinado por ele próprio".
Anteontem, o advogado de Buratti se reuniu com senadores para
tentar adiar para a próxima semana o depoimento.
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