São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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Buratti deporá com ajuda de tranqüilizantes

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Rogério Tadeu Buratti, 42, vai depor hoje às 11h30 na CPI dos Bingos, no Senado, sob efeito de tranqüilizantes, segundo disse seu defensor, o criminalista Roberto Telhada. "Ele vai meio com aquele jeito do Delúbio, mas vai. É melhor para aliviar a pressão. É muita pressão", conta.
O "jeito de Delúbio [Soares]" a que ele se refere foi a aparência "de quem tomou remédio" que o ex-tesoureiro do PT exibiu na CPI do Mensalão, na última quinta.
O depoimento de Buratti, agendado inicialmente para ontem, foi adiado porque ele apresentou um atestado médico com o seguinte estado clínico: "quadro de ansiedade, alteração de comportamento, sintomas psicossomáticos e cardiovasculares -palpitação e sudorese- e crise hipertensiva".
A clínica que forneceu o atestado, em São Paulo, anotou que ele tomou tranqüilizante por "via intravenosa" (aplicado na veia).
As pressões contra Buratti, segundo a Folha apurou, partem de políticos do PT e do círculo do ministro da Fazenda, um arco que inclui empresários e banqueiros. O temor é que Buratti abale o que é considerado o último sustentáculo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na última sexta, em Ribeirão Preto, Buratti disse em conversas informais com o delegado e promotores que o interrogavam que poderia "derrubar a República" se contasse tudo o que sabe.
Seu depoimento à CPI dos Bingos virou alvo de especulações depois que ele contou que o ministro Antonio Palocci (Fazenda) recebia uma propina mensal de R$ 50 mil quando foi prefeito de Ribeirão pela segunda vez, em 2001 e 2002. A empresa Leão Leão, que cuidava da limpeza da cidade pagava Palocci, segundo relato de Buratti. Palocci negou que tenha recebido a contribuição.

Alheamento
Buratti procurou ajuda médica na última terça. Na véspera, aparecera no escritório de seu advogado com um ar de "alheamento", de quem sofrera um forte abalo emocional. "Parecia que tinha morrido alguém da família dele", compara Telhada.
O ex-assessor de Palocci ficara especialmente chocado com uma declaração do procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, de que o Ministério Público paulista poderia pedir a sua prisão novamente.
Buratti só concordara em depor à polícia e aos promotores em troca da liberdade -ele fora preso na quarta passada e passara dois dias numa cela com três traficantes. Logo que foi libertado, na última sexta, reclamou que havia sido abandonado.


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