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Buratti deporá com ajuda de tranqüilizantes
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Rogério Tadeu Buratti, 42, vai depor hoje às 11h30
na CPI dos Bingos, no Senado,
sob efeito de tranqüilizantes, segundo disse seu defensor, o criminalista Roberto Telhada. "Ele vai
meio com aquele jeito do Delúbio,
mas vai. É melhor para aliviar a
pressão. É muita pressão", conta.
O "jeito de Delúbio [Soares]" a
que ele se refere foi a aparência
"de quem tomou remédio" que o
ex-tesoureiro do PT exibiu na CPI
do Mensalão, na última quinta.
O depoimento de Buratti, agendado inicialmente para ontem, foi
adiado porque ele apresentou um
atestado médico com o seguinte
estado clínico: "quadro de ansiedade, alteração de comportamento, sintomas psicossomáticos e
cardiovasculares -palpitação e
sudorese- e crise hipertensiva".
A clínica que forneceu o atestado, em São Paulo, anotou que ele
tomou tranqüilizante por "via intravenosa" (aplicado na veia).
As pressões contra Buratti, segundo a Folha apurou, partem de
políticos do PT e do círculo do ministro da Fazenda, um arco que
inclui empresários e banqueiros.
O temor é que Buratti abale o que
é considerado o último sustentáculo do governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Na última sexta, em Ribeirão
Preto, Buratti disse em conversas
informais com o delegado e promotores que o interrogavam que
poderia "derrubar a República"
se contasse tudo o que sabe.
Seu depoimento à CPI dos Bingos virou alvo de especulações depois que ele contou que o ministro Antonio Palocci (Fazenda) recebia uma propina mensal de R$
50 mil quando foi prefeito de Ribeirão pela segunda vez, em 2001
e 2002. A empresa Leão Leão, que
cuidava da limpeza da cidade pagava Palocci, segundo relato de
Buratti. Palocci negou que tenha
recebido a contribuição.
Alheamento
Buratti procurou ajuda médica
na última terça. Na véspera, aparecera no escritório de seu advogado com um ar de "alheamento", de quem sofrera um forte
abalo emocional. "Parecia que tinha morrido alguém da família
dele", compara Telhada.
O ex-assessor de Palocci ficara
especialmente chocado com uma
declaração do procurador-geral
de Justiça de São Paulo, Rodrigo
Pinho, de que o Ministério Público paulista poderia pedir a sua
prisão novamente.
Buratti só concordara em depor
à polícia e aos promotores em troca da liberdade -ele fora preso
na quarta passada e passara dois
dias numa cela com três traficantes. Logo que foi libertado, na última sexta, reclamou que havia sido abandonado.
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