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Presidente do STJ critica exageros
cometidos por promotores e CPIs
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), ministro Edson Vidigal, classificou de "normal" a situação vivida no país,
mesmo diante da crise política, e
em seguida criticou a atuação das
CPIs e dos promotores de Ribeirão Preto no depoimento do advogado Rogério Buratti.
Vidigal falou em "exageros" cometidos pelas comissões parlamentares e considerou "precipitada" a atitude dos promotores de
darem informações à imprensa
durante o depoimento.
Ao depor, Buratti acusou o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) de ter recebido propina de
R$ 50 mil mensais da empreiteira
Leão Leão quando era, pela segunda vez, prefeito de Ribeirão
Preto (2001-2002).
"Todos nós sabemos dos exageros que estão sendo cometidos.
Quando a Constituição diz que as
Comissões Parlamentares de Inquérito gozam dos mesmos poderes de autoridades judiciais, quer
dizer também das responsabilidades e deveres", disse Vidigal, logo
após se reunir com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.
Para o presidente do STJ, os depoentes das comissões devem ser
tratados com "urbanidade".
"Imagine vocês serem chamados
para o banco da CPI e tratados da
maneira como muitos foram. Isso
não condiz com o que diz a lei da
magistratura. Um juiz tem o dever de tratar as partes com urbanidade", completou.
Ao ser questionado sobre a
atuação dos promotores, o presidente do STJ respondeu: "Acho
que foi, no mínimo, precipitada.
O depoimento sequer havia sido
concluído e alguém descia para
informar em flash o que o depoente acabava de dizer". E completou: "Defendo o direito da população ser bem informada, mas
defendo também o direito à tutela
da honra. Não podemos permitir
que se estraçalhe a honra de qualquer pessoa sob o pretexto de que
ela está sendo investigada".
O procurador-geral de Justiça
do Estado de São Paulo, Rodrigo
César Rebello Pinho, saiu ontem
em defesa do trabalho dos promotores. Disse que, enquanto a
instituição não incomodava pessoas integrantes das elites social,
econômica e política do país, jamais se cogitou reduzir os trabalhos de investigação do órgão.
"Os poderes investigatórios do
Ministério Público são rejeitados
apenas por aqueles que têm algo a
temer. Os cidadãos de bem do
país nada temem. Há, no entanto,
aqueles que os temem, como os
acontecimentos atuais têm demonstrado. Por significativa
coincidência são as mesmas pessoas que temem a imprensa e tentaram amordaçá-la há não muito
tempo", disse Pinho.
Colaborou a Reportagem Local
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