São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 2000

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PAINEL

Cena constante
Disputando espaço político em São Paulo para a eleição de 2002, José Serra (Saúde) e Paulo Renato (Educação) estão praticamente sem se falar. No sábado, ignoraram-se durante a visita de FHC ao Rodoanel.

Questão de estilo
Foi Serra quem botou a boca no trombone. Mas já faz um ano que Paulo Renato discute na surdina com FHC uma saída para que os projetos de saúde e educação não fiquem presos na camisa-de-força imposta pelo FMI a projetos financiados com recursos externos.

Saída estratégica
Eliseu Padilha (Transportes), do PMDB, escapou da visita ao Rodoanel para fazer campanha. Quer ficar longe da briga entre Covas e FHC por dinheiro para a obra. "Não mete o bico em briga de tucano", dizem assessores.

Sinal dos tempos
ACM acha que divide o poder no Nordeste com Tasso Jereissati e Jarbas Vasconcelos. "Jarbas é o grande eleitor de Pernambuco, como Tasso é no Ceará e eu sou na Bahia." Onde está Marco Maciel, seu colega do PFL?

Pax tucana
Tem gente no Planalto, na Esplanada e no Congresso tentando patrocinar uma trégua entre ACM e Jader Barbalho. Pelo bem da aliança governista, ACM acenou com o desarmamento temporário. Paz, nunca. Há quem ache que ACM faz firula.

Soma zero
De Jader sobre 2002: "Se a base do governo permanecer unida, FHC coloca seu candidato no segundo turno e tem amplas chances de vencer". Tradução: se o Planalto apoiar ACM na disputa pela presidência do Senado, o PMDB, ou parte dele, vai procurar outro ninho.

Assombração judicial
O Planalto nega, mas a área econômica está convencida de que a correção dos saldos do FGTS abre brechas para outras demandas judiciais: a correção da poupança, por exemplo.

Efeitos colaterais
A CEF diz que a correção do FGTS inibe financiamento imobiliário e estimula desemprego. Nos últimos cinco anos, gastou R$ 10 bilhões em 752 mil contratos de casa própria que geraram 1,5 milhão de empregos.

Prazo de validade
Garotinho marcou uma data para seu embate final com Brizola: novembro, no Congresso Nacional do PDT. O governador aposta que vai conseguir destituir a direção do partido, controlada pelo velho cacique.
Vestibular eleitoral
Marta (PT) gastou parte do dia ontem com uma sabatina repleta de perguntas duras preparadas pelos seus coordenadores de campanha. A artilharia faz parte do treinamento da candidata para o debate da Rede Bandeirantes na quinta.
Se espirrar, saúde!
Maluf (PPB) foi ao Rio ontem para pedir ao príncipe saudita Abdullah Bin Abdul Aziz Al Saud investimentos na capital paulista. O encontro seria na terça. Maluf adiou para não passar gripe para sua alteza.
Direito autoral
Pitta, quem diria, está fazendo história em Diadema. O slogan do PPS local ("tem gente que promete, tem gente que faz") é uma variação do "eles prometem, a gente faz", usado na campanha de 96. O fura-fila está aí para provar.
À Luxemburgo
Com pouca coisa a mostrar depois de quatro anos na prefeitura, Pitta "inaugura" hoje, com pompa e banda de música, dez escolas de futebol na periferia.
Dogma de fé
A eleição em Juazeiro do Norte (CE) lembra a Santa Inquisição: "Não podemos deixar que o partido da besta fera ocupe a cadeira que um dia foi do padre Cícero", prega um panfleto apócrifo feito pelos adversários da petista Iris Tavares.

TIROTEIO

Do deputado Salatiel Carvalho (PMDB-PE), sobre a perda de liderança do vice-presidente Marco Maciel em Pernambuco.
- Com a aliança do PMDB com o PFL, Maciel não se elege mais para nenhum cargo majoritário, nem o de senador.

CONTRAPONTO

Rede de intrigas

Na reunião ministerial da última quarta-feira, coube ao ministro Pedro Parente (Casa Civil) apresentar o projeto do "governo eletrônico", a prestação de serviços do Estado por meio da Internet, como atualmente ocorre com a declaração do Imposto de Renda.
Parente, antigo número 2 de Pedro Malan na Fazenda, projetou metas a serem atingidas até 2004, dois anos depois do final do segundo mandato de FHC.
Na sua vez de falar, Martus Tavares (Planejamento), que é amigo de José Serra (Saúde), não perdeu a deixa:
- Bem, não fomos tão longe quanto Parente. Não planejamos até o terceiro mandato!
Os ministros caíram na gargalhada. Do outro lado da mesa, um deles comentou maliciosamente com o colega ao lado:
- O Martus não entendeu. Parente já está planejando o primeiro mandato do Malan!



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