São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Candidato se irrita com informação de que filósofo propôs sua renúncia e a de Garotinho ainda no primeiro turno

Mangabeira abre crise na campanha de Ciro

DA REPORTAGEM LOCAL

A notícia de que o filósofo Roberto Mangabeira Unger, um dos mentores do presidenciável Ciro Gomes (PPS), estaria propondo a renúncia do pepessista em favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda no primeiro turno abriu ontem uma crise na campanha do ex-governador do Ceará.
Informado sobre a iniciativa por interlocutores no último domingo, Ciro, segundo a Folha apurou, demonstrou muita irritação e afirmou que a movimentação de Mangabeira não havia sido autorizada por ele.
Assessores do presidenciável afirmaram ontem que, criado o mal-estar, o filósofo não compareceria nem mesmo ao lançamento do programa de governo por ele coordenado, já que poderia se considerar "fora da campanha". A cerimônia está prevista para esta sexta-feira, em São Paulo.
Disseram ainda que Ciro não havia procurado o filósofo para discutir o assunto e que não pretendia fazê-lo. O último encontro entre os dois teria ocorrido na sexta-feira, para a discussão de detalhes a respeito do programa de governo em São Paulo.
Mangabeira teria se encontrado com Anthony Garotinho (PSB) na noite do último sábado, afirmando que pretendia enviar a Ciro uma carta propondo ao ex-governador sua renúncia e o anúncio imediato do apoio ao petista.
Teria ainda sugerido a Garotinho que fizesse o mesmo, depois de declarar que a iniciativa teria também o apoio de Leonel Brizola, presidente nacional do PDT, e de José Carlos Martinez, presidente nacional do PTB. Pedetistas e petebistas negaram ontem apoio à proposta.
Mangabeira foi procurado ontem por intermédio de sua assessoria e em seu telefone celular, mas não foi localizado. Anteontem, recusou-se a falar sobre a reunião. "Não dou entrevistas."
Coordenadores da campanha de Garotinho confirmam ter sido procurados por Mangabeira com a idéia de os dois candidatos desistirem já da eleição.
A coordenação da campanha do PSB, entretanto, considerou a proposta "absurda". Garotinho, que nega que tenha havido os contatos, declara que jamais desistiria da campanha "nesta altura do campeonato". "Não desrespeitaria meus eleitores nem que estivesse com 4% de intenção de votos, o que não é o caso."
A notícia do encontro foi transmitida por telefone a integrantes da equipe de Ciro por Márcio França, coordenador da campanha de Garotinho. A informação causou irritação entre os ciristas porque o comando da campanha da Frente Trabalhista têm se empenhado em afirmar que a hipótese de renúncia tem sido divulgada por integrantes da campanha de José Serra (PSDB), interessados em desestabilizar Ciro.


Colaborou LIEGE ALBULQUERQUE, enviada especial a Ilhéus e Itabuna


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