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POLÍTICA EXTERNA
Presidente sugere unir emergentes para negociar com os ricos
Lula alfineta Bush durante encontro com sindicalistas
DE NOVA YORK
Com um discurso que mesclou
passagens sobre a sua trajetória
política e pessoal e um balanço de
nove meses à frente do governo, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu ontem com líderes
sindicais norte-americanos.
No encontro, de cerca de duas
horas, Lula procurou também explicitar pontos de sua política externa, que tem enfatizado alianças
com países em desenvolvimento.
"Não é possível para um país
pobre e sozinho negociar com potências como EUA, União Européia e Japão", disse. "Vamos adotar a experiência do sindicalismo
e tentar juntar todos os países
emergentes para criar uma força
política capaz de fazer com que os
países desenvolvidos negociem
conosco em pé de igualdade."
Ele ressaltou, porém, que a
união do Brasil com esses países
não significa uma atitude de antagonismo contra os EUA. "Somos
parceiros, mas só seremos tratados com igualdade quando tivermos força política", disse.
Mas o presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, foi alvo
de uma alfinetada de Lula.
"Quantas vezes o presidente dos
EUA já esteve com vocês?", perguntou Lula para a platéia de cerca de 60 pessoas. A pergunta provocou risos, e Lula continuou:
"Eu já me encontrei duas vezes
com vocês", provocou Lula.
Para Lula, a parceria entre os
movimentos sindicalistas dos
EUA e do Brasil deve superar a retórica. Ontem, ele lembrou que os
fundos de pensão norte-americanos, muitos administrados por
sindicatos, movimentam "trilhões de dólares" por ano. Parte
desse dinheiro, na avaliação do
presidente, poderia ser aplicado
em ações sociais e também em
empresas brasileiras.
A platéia, ao final do discurso,
saudou o presidente brasileiro
com gritos de "Viva Lula".
Lula se encontrou também com
representantes da comunidade
brasileira nos EUA. Eles disseram
que têm interesse em contribuir
com o Fome Zero, mas pediram a
expansão dos serviços consulares
nos EUA.
(CÍNTIA CARDOSO)
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