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ACM e Sarney batem boca durante votação
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num confronto que surpreendeu o plenário, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
acusou o presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), de praticar "golpe sujo" contra a oposição ao suspender as votações do
plenário para que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) pudesse retomar a discussão da reforma da Previdência.
"É um golpe sujo que o plenário
não pode aceitar", afirmou ACM
ao microfone, irritado. O baiano
disse que, pelo regimento, as votações só podem ser canceladas
por acordo unânime dos líderes.
Sarney respondeu: "Nenhuma
motivação me levará a agir fora
do regimento. Nem as ofensas
que possa ter recebido nem as injustiças que contra mim possam
ter cometido".
O peemedebista explicou que
estava em casa quando recebeu
um telefonema do líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP),
pedindo a suspensão da sessão.
Como os partidos governistas
têm maioria (46 dos 81 senadores), Sarney disse ter considerado
que havia apoio majoritário.
De volta ao microfone, ACM
tentou amenizar o tom da crítica a
Sarney. Disse que sua intenção
não era ofendê-lo pessoalmente.
"O que quis dizer é que havia
um golpe político. Vossa Excelência é um estadista, um homem
público respeitável, mas nem por
isso não é passível de erro. Errou
nessa interpretação, mas na melhor das intenções."
Num pedido público de desculpas, ACM pediu que o presidente
do Senado não guardasse mágoa.
Diante da oposição do PFL e do
PSDB, Sarney submeteu formalmente o requerimento dos líderes
governistas ao plenário. Nem chegou a ser votado porque, nesse
meio tempo, foram lidas pela Mesa Diretora duas medidas provisórias que chegaram ao Senado e
trancaram a pauta de votações.
Senadores tentaram acalmar os
ânimos. José Agripino (PFL-RN)
disse que foi um "embate violento
entre dois [senadores] amicíssimos". Tasso Jereissati (PSDB-CE)
lembrou o "carinho entre os dois"
e pediu que o confronto fosse
"considerado encerrado".
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