EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Trabalhadores rurais ligados à OLC (Organização de Luta do Campo) bloquearam ontem pela manhã uma das principais avenidas do centro de Recife (PE). Entre os sem-terra, havia alguns integrantes do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade).
A manifestação, que ocorreu entre 8h e 10h, terminou com a chegada ao local de cerca de cem homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Segundo a PM, havia cerca de 500 sem-terra. Já a OLC falou que havia 2.000 integrantes na barricada.
"Não houve confronto, apenas um grande congestionamento", disse o comandante do batalhão, tenente-coronel Luiz Meira. Os sem-terra, munidos de foices e facões, desbloquearam a avenida e retornaram para a sede da Superintendência do Incra em Pernambuco, onde estão acampados desde domingo.
Segundo o coordenador estadual da OLC, João Santos da Silva, a ação de ontem visou alertar o governo pernambucano da necessidade de investir na infra-estrutura dos assentamentos, principalmente na construção de açudes e estradas. "Se há uma verba reservada para financiar a reforma agrária, que ela seja utilizada na estruturação dos assentamentos", disse Santos da Silva.
Após a barricada, em reunião com o secretário estadual de Produção Rural e Reforma Agrária, Gabriel Maciel, lideranças dos sem-terra receberam a promessa de que o governo colocará em prática um programa que privilegiará a eletrificação e a construção de escolas nos assentamentos.
Não há prazo, porém, para os sem-terra ligados à OLC deixarem a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Hoje deve ocorrer mais uma reunião entre as lideranças do movimento e o superintendente regional do órgão, João Farias de Paula Júnior.
Além de cestas básicas a cerca de 5.000 acampados, a OLC pede que as 63 áreas invadidas desde o ano passado pelo movimento em todo o Estado sejam vistoriadas pelo Incra.
Pernambuco é o Estado com o maior número de famílias acampadas -cerca de 23 mil, segundo o Incra. Na sequência vêm MT (19 mil), BA (18 mil) e MS (16,6 mil). Atualmente existem 200 mil famílias acampadas em todo o país, de acordo com o órgão.
Um pequeno grupo de sem-terra ligados ao MTL também está acampado na sede do Incra de Recife desde 11 de setembro. Os trabalhadores rurais reivindicam a vistoria imediata de uma fazenda no sul do Estado. Segundo eles, a área está improdutiva há anos.


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