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HOMENAGEM
Presidente assina lei proposta pela senadora Marina Silva (PT-AC)
Lula inclui Chico Mendes no "Livro dos Heróis da Pátria"
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O seringueiro, ecologista e fundador do PT no Acre Francisco
Alves Mendes Filho, o Chico
Mendes, morto em 1988, terá seu
nome inscrito no "Livro dos Heróis da Pátria", no Panteão da Pátria e da Liberdade, na praça dos
Três Poderes, em Brasília. Sancionada pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, a lei que tornou
Mendes o oitavo na lista de heróis
da pátria foi publicada anteontem
no "Diário Oficial" da União.
O livro foi criado em 1989, para
homenagear pessoas que dedicaram suas vidas ao país. A iniciativa de inscrever o nome de Mendes foi tomada em 1999 pela então
senadora Marina Silva (PT-AC),
hoje ministra do Meio Ambiente.
A petista conviveu com Chico
Mendes no Acre, onde trabalharam juntos no PT e em sindicatos
de seringueiros.
Na justificativa de seu projeto, a
então senadora explica que o Brasil precisa permanentemente realimentar sua memória. "A memória do líder seringueiro não pode
ser apagada. No exterior, principalmente na Europa, vários logradouros públicos e instituições foram criadas em memória de Chico Mendes. Contudo, no Brasil, a
precária memória histórica precisa ser permanentemente realimentada", argumenta.
A presença de Mendes no panteão significa, segundo Marina, o
preenchimento de uma lacuna, na
história, sobre "o trabalho e a resistência dos povos da floresta"
representados por ele.
Chico Mendes promoveu durante as décadas de 1970 e 1980 intensas campanhas pela organização sindical dos seringueiros e
proteção ao meio ambiente. Ficou
mundialmente conhecido quando foi ao Senado norte-americano
e ao BID (Banco Interamericano
de Desenvolvimento), em 1987,
questionar investimentos estrangeiros em projetos que desmatavam a floresta amazônica.
Diante da repercussão, várias linhas de investimento externo foram suspensas. Mendes passou a
receber prêmios internacionais,
mas as ameaças de morte se intensificaram. Em 22 de dezembro
de 1988, Chico Mendes foi assassinado em sua casa, em Xapuri
(AC), quando tinha 44 anos.
Homenagem sem critério
A inscrição no "Livro dos Heróis da Pátria" não é concedida a
partir de nenhum critério definido. Em 1989, o então presidente
da República, José Sarney, atual
presidente do Senado Federal, enviou uma mensagem ao Congresso definindo o perfil dos futuros
laureados. O projeto foi arquivado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara e até
hoje as regras não foram devidamente estabelecidas.
A falta de critério abre margem
para um leque amplo de possibilidades. Projetos em tramitação no
Congresso pedem a mesma homenagem a Pero Vaz de Caminha, autor de carta relatando a
descoberta do Brasil em 1500, e
aos 21 técnicos mortos no acidente do VLS-1 (Veículo Lançador de
Satélites) em agosto do ano passado no Maranhão.
Os oito atuais heróis da pátria
foram todos homenageados por
meio de projetos de lei aprovados
pelo Congresso, sancionados pelo
presidente da República e publicados no "Diário Oficial".
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