|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIXO PAULISTA
Ministério Público vê incompatibilidade entre os rendimentos e o patrimônio do ex-assessor de Antonio Palocci
Promotoria pede quebra de sigilo de Buratti
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO
O Ministério Público de Ribeirão Preto (SP) pediu a quebra do
sigilo bancário e fiscal do advogado Rogério Buratti. Segundo relatório enviado pelo Ministério Público ao Judiciário e à Polícia Civil,
Buratti integraria um suposto esquema de fraudes em licitações
em pelo menos dez cidades de São
Paulo, incluindo a capital.
A fundamentação do pedido foi
a incompatibilidade patrimonial
de Buratti com seus rendimentos
ou a "ausência de fundamentação
da origem de seus bens", segundo
o Ministério Público. O pedido foi
apresentado ao juiz do Júri e Vara
de Execuções Penais de Ribeirão
Preto, Luís Augusto Freire Teotônio, que não havia se manifestado
sobre o pedido até as 19h30.
Em março deste ano, a Folha revelou que o patrimônio do advogado cresceu vertiginosamente
nos últimos 11 anos. Os R$ 13 mil
declarados em 1993, quando tomou posse como secretário de
Governo de Antonio Palocci Filho, saltaram para R$ 1,4 milhão
neste ano, segundo levantamento
feito pela reportagem em quatro
cartórios de Ribeirão Preto.
Buratti foi levado para Ribeirão
por Palocci para participar de sua
campanha a prefeito em 1992. O
advogado chegou à cidade num
Fusca 79, comprado do Sindicato
dos Trabalhadores da Indústria
de São Bernardo do Campo (SP).
Ele foi afastado do cargo em 1994
após denúncia de favorecimento
a empresas em licitações.
Além do patrimônio declarado,
a Promotoria também investiga
bens do advogado que podem estar em nome de laranjas, como a
fazenda Indaiá, em Pedregulho,
onde um grupo de promotores
chegou a realizar uma blitz em
março deste ano. Buratti afirma
que a propriedade foi arrendada.
No pedido de busca e apreensão
do Ministério Público à Justiça, os
promotores informaram ter "veementes indícios" de que Buratti
recebeu "vultosas quantias em razão de intermediação de contratos" entre a Leão Leão e prefeituras de São Paulo. Na blitz realizada na casa do advogado no último
dia 13 foram apreendidos, porém,
R$ 4.350,00 e US$ 4.400. O advogado Roberto Telhada, um dos
defensores de Buratti, afirmou
considerar "ótimo" a iniciativa da
Promotoria, já que mostrará que
não existem irregularidades nos
patrimônios do seu cliente. "Vai
mostrar a realidade da vida dele",
afirmou.
O pedido de quebra de sigilo
bancário e fiscal faz parte de investigação da Promotoria e da Polícia Civil de um suposto esquema
de fraudes em licitações em pelo
menos dez cidades do Estado. Buratti, segundo relatório do Ministério Público, seria um dos integrantes desse esquema ao lado de
mais três executivos da Leão Leão,
empresa da qual ocupava cargo
de vice-presidente até março.
Ele pediu afastamento do cargo
após ser envolvido no escândalo
Waldomiro Diniz. A contratação
de sua empresa, a BBS Consultores Associados, seria a condição
imposta pelo ex-assessor da Casa
Civil para renovação de um contrato de R$ 650 milhões entre a
multinacional GTech e a CEF
(Caixa Econômica Federal).
Texto Anterior: Ministério Público do RS limita investigações feitas por promotores Próximo Texto: Outro lado: Quebra de sigilos será benéfica, diz advogado Índice
|