São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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LIXO PAULISTA

Ministério Público vê incompatibilidade entre os rendimentos e o patrimônio do ex-assessor de Antonio Palocci

Promotoria pede quebra de sigilo de Buratti

ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO

RUBENS VALENTE
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO

O Ministério Público de Ribeirão Preto (SP) pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal do advogado Rogério Buratti. Segundo relatório enviado pelo Ministério Público ao Judiciário e à Polícia Civil, Buratti integraria um suposto esquema de fraudes em licitações em pelo menos dez cidades de São Paulo, incluindo a capital.
A fundamentação do pedido foi a incompatibilidade patrimonial de Buratti com seus rendimentos ou a "ausência de fundamentação da origem de seus bens", segundo o Ministério Público. O pedido foi apresentado ao juiz do Júri e Vara de Execuções Penais de Ribeirão Preto, Luís Augusto Freire Teotônio, que não havia se manifestado sobre o pedido até as 19h30.
Em março deste ano, a Folha revelou que o patrimônio do advogado cresceu vertiginosamente nos últimos 11 anos. Os R$ 13 mil declarados em 1993, quando tomou posse como secretário de Governo de Antonio Palocci Filho, saltaram para R$ 1,4 milhão neste ano, segundo levantamento feito pela reportagem em quatro cartórios de Ribeirão Preto.
Buratti foi levado para Ribeirão por Palocci para participar de sua campanha a prefeito em 1992. O advogado chegou à cidade num Fusca 79, comprado do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de São Bernardo do Campo (SP). Ele foi afastado do cargo em 1994 após denúncia de favorecimento a empresas em licitações.
Além do patrimônio declarado, a Promotoria também investiga bens do advogado que podem estar em nome de laranjas, como a fazenda Indaiá, em Pedregulho, onde um grupo de promotores chegou a realizar uma blitz em março deste ano. Buratti afirma que a propriedade foi arrendada.
No pedido de busca e apreensão do Ministério Público à Justiça, os promotores informaram ter "veementes indícios" de que Buratti recebeu "vultosas quantias em razão de intermediação de contratos" entre a Leão Leão e prefeituras de São Paulo. Na blitz realizada na casa do advogado no último dia 13 foram apreendidos, porém, R$ 4.350,00 e US$ 4.400. O advogado Roberto Telhada, um dos defensores de Buratti, afirmou considerar "ótimo" a iniciativa da Promotoria, já que mostrará que não existem irregularidades nos patrimônios do seu cliente. "Vai mostrar a realidade da vida dele", afirmou.
O pedido de quebra de sigilo bancário e fiscal faz parte de investigação da Promotoria e da Polícia Civil de um suposto esquema de fraudes em licitações em pelo menos dez cidades do Estado. Buratti, segundo relatório do Ministério Público, seria um dos integrantes desse esquema ao lado de mais três executivos da Leão Leão, empresa da qual ocupava cargo de vice-presidente até março.
Ele pediu afastamento do cargo após ser envolvido no escândalo Waldomiro Diniz. A contratação de sua empresa, a BBS Consultores Associados, seria a condição imposta pelo ex-assessor da Casa Civil para renovação de um contrato de R$ 650 milhões entre a multinacional GTech e a CEF (Caixa Econômica Federal).


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