São Paulo, Segunda-feira, 25 de Outubro de 1999
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PAINEL

Disputa por cargos
Após um período de calmaria, as relações entre FHC e Jader (PMDB) voltaram a piorar. Motivo: pressionado pelo governador Almir Gabriel (PSDB-PA), o Planalto hesita em substituir o presidente da Companhia das Docas do Pará, protegido do tucano, por um nome indicado pelo peemedebista.

Gregos e troianos
Para tentar compor com Almir Gabriel, que ameaçou romper com FHC, o Planalto prometeu ao tucano a presidência do Basa (Banco da Amazônia). Contrariou Jader, inimigo de Gabriel, e comprou uma briga com Malan: Flora Valadares, atual presidente, é uma indicação do ministro da Fazenda.

Poço fundo
O Planalto acertou uma disputa que se arrastava por quatro meses: a diretoria do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca) será repartida entre o PMDB cearense, que indicará o presidente, o PFL (Inocêncio Oliveira) e o PSDB (Tasso Jereissati), que nomearão os outros diretores.

Efeito Hildebrando
O Ministério da Justiça recebeu um dossiê que, se verdadeiro, revelará um novo esquadrão da morte com o envolvimento de um parlamentar do PMDB (deputado do Distrito Federal). A acusação é do PDT.

Vergonha nacional
Alagoas é o único Estado no qual pode não acontecer a campanha nacional de registro civil de crianças, marcada pelo governo e pelo Unicef para 9 de novembro. Os cartórios do Estado alegam que teriam prejuízo com a campanha, que pretende dar gratuitamente identidade a 1 milhão de crianças.

Mera coincidência
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou um empréstimo de US$ 26 milhões para obras de eletrificação rural em Roraima. Parte do projeto será feito por uma empresa de um sobrinho do governador Neudo Campos (PPB).

Jogando na divisão
FHC não perde oportunidade para isolar o PT: telefonou para Miro Teixeira (PDT) agradecendo as declarações do deputado de apoio ao diálogo com o governo sobre Previdência.

Visão aliada
Para líderes governistas, só ACM ganhou ao se reunir com Lula para debater miséria.

Nem marketeiro quer
Pelo menos uma grande agência de publicidade recusou sem hesitar uma sondagem de Celso Pitta para que cuidasse de sua imagem como prefeito de São Paulo e de uma eventual candidatura à reeleição em 2000. Detalhe: negócios desses tipo envolvem cifras altíssimas.

Casta intocada
O novo caso de suspeita de corrupção na USP (ocultação de superfaturamento) evidencia o que ministros e até o Planalto consideram um fracasso de Paulo Renato (Educação): não conseguiu fazer uma reforma universitária apesar de estar há mais de cinco anos no posto. A imagem é um empecilho para quem cobiça o Senado em 2002.

Já seguraram uma vez
Deputados da oposição e até do governo acham que agora não há como a Assembléia paulista engavetar a CPI da USP. A compra superfaturada de aparelhos para o Instituto de Física de São Carlos está sendo vista como a ponta de um iceberg.

Coruja

Até FHC ironiza o fato de Malan ficar calado nas reuniões. No último encontro seu com os governadores, na sexta, ele disse: ""Agora, vai falar o ministro Pedro Malan, que está há três horas rouco de tanto ouvir".

Gracias
Consequência da desvalorização do real: o número de turistas argentinos no Brasil neste ano já ultrapassou a casa de 1,5 milhão. Deve chegar a 2 milhões até o fim de dezembro, segundo a Embratur. Em 1998, ficou em torno de 1 milhão.

TIROTEIO

De José Aníbal (PSDB), sobre Cunha Bueno (PPB) dizer que o secretário de Covas prefere atacar Maluf porque não tem argumento para defender o governo do qual participa, que teria elevado a dívida do Estado de SP de ""US$ 25 bi para US$ 75 bi":
- Esses malufistas são viciados em superfaturamento. A dívida de São Paulo hoje está em 59 milhões de reais.

CONTRAPONTO

Onipresente

Sempre que encontra Antony Garotinho (PDT-RJ), Esperidião Amin (PPB-SC) vai brincando logo com o fato de políticos pedetistas viverem crises cíclicas com Leonel Brizola, o maior cacique do partido.
Na reunião de governadores com FHC, sexta, em Brasília, Amin fez uma ironia, insinuando que um dia Garotinho também romperá com Brizola:
- Só existem os que já costearam o alambrado (pularam fora) e aqueles que estão costeando o alambrado!
E recitou uns versos de Antônio Chimango, que governou o Rio Grande do Sul é considerado por Amin o guru de Brizola:
- Quando vires um peão, mesmo o melhor no serviço, ir pretendendo por isso adquirir importância, bota para fora da estância, mas sem fazer reboliço.
Garotinho caiu no riso e contou, para ilustrar o fato de Brizola ser um centralizador e de controlar as instâncias do partido:
- Ele é presidente do PDT nacional, do estadual, do municipal e do zonal!


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