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DIPLOMACIA
País quer atenuar conflitos entre EUA e União Européia antes de reunião sobre comércio mundial
Brasil tenta evitar impasse comercial
CLÓVIS ROSSI
enviado especial a Lausanne
O Brasil inicia hoje um esforço
de mediação entre a UE (União
Européia) e os Estados Unidos
para tentar evitar que o atual impasse entre os dois grandes leve
ao fracasso o novo ciclo de negociações para liberalização do comércio que levará o nome de Rodada do Milênio.
A rodada deve ser convocada
em Seattle (EUA), no mês que
vem, durante a 3ª Conferência
Ministerial da OMC (Organização Mundial do Comércio), que é
uma espécie de xerife do comércio planetário.
Antes dela, no entanto, realiza-se a partir de hoje em Lausanne,
na Suíça, uma reunião mais restrita entre ministros de 25 países
auto-batizados de "amigos da nova rodada".
Ontem, a delegação brasileira
passou o dia reunida, em encontro chefiado pelo chanceler Luiz
Felipe Lampreia e para o qual foram convocados os embaixadores do Brasil nas principais potências, a saber: Rubens Barbosa
(EUA), Sérgio Amaral (Reino
Unido), Marcos Azambuja (França), Clodoaldo Hugueney (União
Européia), além do anfitrião Celso Amorim, que chefia a missão
brasileira em Genebra, sede da
OMC.
Além deles, também participou
o embaixador José Alfredo Graça
Lima, principal negociador brasileiro para assuntos comerciais internacionais.
O elenco de participantes dá
uma idéia da importância que o
Brasil atribui ao novo ciclo comercial e, também, da angústia
em torno da perspectiva de que
"ou a rodada não seja convocada
ou o seja em termos tão vagos que
não levem à expectativas de resultados significativos", como diz
Graça Lima.
Pode parecer pretensão o fato
de o Brasil -responsável por
apenas 1% do comércio mundial,
tanto em exportações como em
importações- pretender o papel
de mediador entre UE e EUA, os
dois maiores comerciantes do
planeta.
Mas o Brasil é respeitado na
OMC, um tanto pela qualidade de
sua diplomacia e muito pelo fato
de estar entre as dez maiores economias do mundo, apesar de seu
relativamente reduzido comércio
internacional.
A natureza do impasse, ao menos pelo que detectou a reunião
de ontem dos brasileiros, pode ser
assim resumida: os europeus exigem uma agenda muito ampla,
que seria a melhor forma de obter
contrapartidas para vender a seu
público interno concessões no setor agrícola, fortemente protegido.
Os EUA, em um momento de
baixa popularidade interna da liberalização comercial, preferem
uma agenda limitada.
Para o Brasil, é vital abrir o mercado agrícola europeu (e também
o norte-americano). Sem a perspectiva de obter concessões em
outras áreas, no entanto, os europeus resistirão ainda mais do que
já estão fazendo à abertura agrícola.
Pior, do ponto de vista brasileiro: a agenda norte-americana inclui o que o jargão diplomático
batiza de ATL (liberalização comercial acelerada, das iniciais em
inglês) para alguns setores (brinquedos, químicos, produtos florestais etc).
Para o Brasil, não interessa acelerar abertura alguma em qualquer setor, antes de ter certeza de
que vai obter concessões na área
agrícola.
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