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Dono diz que
gasto passa
de US$ 1,2 mi
da Reportagem Local
Quando alguém duvida de
suas boas intenções, o médico José Farani, dono da Academia de Tênis, mostra uma
pilha de encadernações.
Dentro há fotos de crianças brincando, participando
de festas e jogando tênis,
além de anotações de tudo o
que o hotel teria gasto com
ajuda a famílias carentes.
Essa é a prova, segundo
Farani, de que a Academia
trabalha em benefício da sociedade. Pelas suas contas,
entre 1992 e 1995, a Academia gastou mais de US$ 1,2
milhão em benefícios.
O problema de Farani, segundo o Ministério Público,
é que as informações de seu
álbum de benfeitorias não
são confirmadas pelos livros
diários do hotel, que são a
contabilidade oficial. O único sinal de filantropia, uma
conta chamada "despesas
com habitação de famílias
carentes" seria uma enganação, de acordo com a fiscalização da Receita Federal.
"Eu tirei crianças da rua,
ensinei-as a jogar tênis e lhes
dei uma profissão. Muitas
dessas crianças hoje são professores de tênis", afirma o
médico.
Na avaliação do Ministério
Público, pode-se dizer que
Farani tem sido um bom patrão, mas não que ele faz filantropia. Desde que foi
criada, 22 anos atrás, a Academia construiu cerca de 80
casinhas numa vila colada
ao hotel, onde os empregados e suas famílias moram
de graça.
Eles também não pagam
água nem luz. As casas e o
terreno pertencem a Farani.
Na lista de benfeitorias do
hotel, aparecem café da manhã, almoço e jantar gratuito
para os funcionários solteiros e plano de saúde particular. Farani diz também que
dá creche para os filhos de
seus empregados, o que não
é nenhum favor já que isso é
uma exigência legal para
empresas que empregam
mais de 30 mulheres.
Funcionários do hotel
também já receberam cursos de especialização nas
áreas de culinária, hotelaria
e computação, por exemplo.
Alguns desses cursos foram
abertos também a pessoas
que não têm ligação com a
Academia.
Como a filantropia da
Academia se resume à comunidade que gira em volta
do hotel e parte dos benefícios mais parece investimento na qualidade da mão-de-obra, a Receita e o Ministério Público entendem que
a sociedade ganhará mais se
a Academia de Tênis pagar
seus impostos.
A investigação na Academia de Tênis começou em
1996, por iniciativa do procurador José Leovegildo Oliveira Morais. Na época, o
procurador estranhou a presença da Academia de Tênis
numa lista de entidades que
tinham conseguido o certificado de filantropia do CNAS
(Conselho Nacional de Assistência Social).
Esse certificado habilita
seus portadores a deixar de
pagar a contribuição previdenciária patronal, que pode
chegar a 27% da folha salarial, e a importar automóveis
e aviões com isenção de imposto. Com o início da investigação, Farani desistiu
do certificado. E diz que nada disso foi idéia dele.
"Foi coisa de uma ex-funcionária do CNAS, que veio
aqui, fez o processo, conseguiu a aprovação e me deu o
certificado. Não pedi nada
disso. Acho que ela queria
agradar um advogado meu
por quem estava apaixonada", diz Farani.
(DF)
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