São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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PAINEL

Café versus leite
FHC prevê que após a eleição ganhará corpo no PSDB uma disputa surda entre José Serra e Aécio Neves. Confirmada sua derrota para Lula, o tucano paulista tentará levar o partido para uma oposição radical ao PT, desde o primeiro dia. O mineiro, para uma oposição "light".

PT do PT
Sem cargo a partir do ano que vem e com ônus de ter perdido a eleição, Serra tentará, na visão de FHC, se manter em evidência, acompanhando criticamente cada passo do governo do PT. Quer ser o Lula do Lula. Deverá tentar assumir a presidência do PSDB em meados de 2003.

Duas fases
Aécio procurará, nos dois primeiros anos, negociar com o PT as chamadas reformas estruturais. Além de obter apoio federal para recuperar as finanças de MG, acha que ganhará politicamente com a imagem de "conciliador". O tom de seu discurso mudaria após 2004, para se cacifar como candidato de oposição.

Produção em série
Para ganhar peso nas negociações com Lula, o governador eleito de Minas acionou parlamentares de sua confiança a fim de montar a chamada "bancada do Aécio". O tucano espera ter cerca de 70 deputados sob sua orientação, de vários partidos.

Terceira via
Na visão de FHC, Alckmin, se for reeleito em SP, tentará circular pelos dois grupos, sendo uma espécie de fiel da balança no PSDB entre Serra e Aécio. Jogando ora de um lado, ora de outro. Mas sempre de olho no seu projeto Planalto-2006.

Tá explicado
Do programa eleitoral de rádio do candidato do PSDB: "Serra é tão bom que é capaz de jogar pingue-pongue sozinho".

Relógio adiantado
José Sarney (PMDB) já começou a telefonar para senadores a fim de pedir apoio à sua candidatura à presidência da Casa.

Seguro-desemprego
Petistas derrotados na eleição para governador não deverão ser chamados para integrar o eventual governo Lula. Há exceções: Genoino, que pode ir para Brasília se Alckmin for o eleito em SP, e Jaques Wagner (BA). O partido não quer o carimbo de "ministério de perdedores".

Boquinha aberta
Não são apenas os enviados de Lula que têm procurado ministros a fim de obter o organograma de suas pastas. Petistas do "baixo clero" também estão pedindo a lista de cargos. A fim de preparar suas indicações para o eventual governo Lula.

Novo discurso
A cúpula do PT orientou seus parlamentares a não falar, por ora, sobre aumento do salário mínimo. Na rampa do Planalto, o partido quer primeiro analisar a proposta de Orçamento para se manifestar depois. Teme não poder cumprir o valor prometido e frustrar seus eleitores.

Apoio gafanhoto
José Dirceu (PT) apareceu no horário eleitoral do governador de RR, Flamarion Portela (PSL), dizendo que ele é o candidato do PT e de Lula no Estado. Em setembro, foi revelado que o governador remunerava 319 servidores que não trabalhavam -a chamada "folha de gafanhotos".

Cobrança aliada
Luiz Henrique (PMDB-SC), que disputa o governo do Estado com apoio de Lula, causou constrangimento ao dizer anteontem em palanque, ao lado do petista, que todo candidato deveria ser obrigado a participar de cinco debates, sob risco de ter a candidatura impugnada.

Marketing pessoal
Atrasado para a gravação de uma entrevista a uma emissora de TV e preso num congestionamento em São Paulo, José Genoino (PT) pediu, dias atrás, ajuda a um motoboy. Chegou a subir na moto, mas uma chuva repentina o fez desistir da idéia.

TIROTEIO

Do procurador da República no Distrito Federal, Luiz Francisco, comentando o fato de deputados federais petistas se declararem favoráveis ao foro privilegiado para ex-presidentes da República:
- Se um partido de oposição está defendendo uma coisa dessas, compactua com uma imoralidade.

CONTRAPONTO

Corpo estranho

Por conta de sua atuação polêmica no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Nelson Jobim tem sido alvo de críticas. Partidos políticos chegaram a pedir seu afastamento durante as eleições, por conta de sua amizade com o presidenciável José Serra (PSDB).
O presidente do TSE chegou a ser rotulado pela oposição como "integrante da bancada do Executivo" no Judiciário.
Anteontem, os 11 ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), do qual Jobim também faz parte, colocaram em discussão a tramitação no Congresso do Estatuto da Magistratura -sem solução há quase dez anos.
Ao microfone, Jobim perguntou aos ministros:
- E então, o que vocês pretendem fazer a respeito?
O ministro Sepúlveda Pertence não se conteve:
- "Vocês", não, ministro. "Nós"...



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