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SEGUNDO TURNO
Orçamento de 2003 impediria que a proposta do partido, de de um aumento de 20% no salário, fosse aplicada
PT admite um reajuste menor do mínimo
LUIZA DAMÉ
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cúpula do PT já trata de refrear as expectativas de aumento
do salário mínimo para R$ 240,
enquanto admite com convicção
cada vez maior a necessidade de
suspender a redução de 27,5% para 25% da alíquota máxima do
IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) no primeiro ano de um
eventual governo de Luiz Inácio
Lula da Silva.
Também corre riscos o principal programa social de Lula, o Fome Zero, que prevê a distribuição
de cupons de alimentação a 44
milhões de pobres e indigentes, ao
custo de R$ 20 bilhões anuais. A
intenção original era aplicar pelo
menos R$ 5 bilhões em 2003.
"Não dá para sair gastando como novo rico", disse o líder do PT
na Comissão Mista de Orçamento, deputado Jorge Bittar (RJ).
Para ele, o próximo ano será de
"grande austeridade", mas o partido começará a fazer mudanças
estruturais que permitam o crescimento da economia, como a reforma tributária.
O argumento petista é que os
números do Orçamento da União
de 2003 não permitem o atendimento de todos os gastos pretendidos pela bancada -em relação
a salário mínimo, salários dos servidores, saúde, educação e reforma agrária- sem comprometer
as metas fiscais que foram negociadas com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O acordo com o Fundo obriga o
governo federal a destinar pelo
menos R$ 31,8 bilhões de suas receitas ao pagamento de juros da
dívida e estabelece que o valor pode ser elevado se os juros e a cotação do dólar, que afetam a dívida
pública, estiverem em alta.
Ajuste doloroso
Publicamente, os petistas prometem cumprir a meta que for
necessária, mas argumentam que,
após a vitória de Lula, a queda do
dólar e alguns ajustes no Orçamento reduzirão a necessidade de
cortes mais profundos ou aumento de impostos.
Em reserva, líderes do partido
dão como muito provável a necessidade de um ajuste mais doloroso, pelo menos em 2003, o que
significará o adiamento das promessas sociais de Lula.
Uma provável fonte de receita é
a manutenção por mais um ano
da alíquota de 27,5% do IRPF, que
deixaria de ser cobrada a partir de
1º de janeiro.
O adicional arrecadará neste
ano cerca de R$ 2 bilhões, segundo a Receita Federal.
"Não podemos abrir mão de receita para não comprometer os
gastos sociais", disse Bittar.
O deputado petista afirmou, no
entanto, que ainda não há decisão
sobre o assunto.
Bittar disse que, em caso de vitória de Lula neste domingo, na
próxima semana se reunirá com o
próprio presidenciável e com a
equipe de transição para definir
as prioridades do partido no Orçamento de 2003.
O PT encomendou estudos técnicos para dimensionar o impacto das propostas o presidenciável
no Orçamento, que servirão de
base para a atuação da bancada
no Congresso.
Margem de manobra
O deputado afirmou que fará
"um grande esforço" para que o
salário mínimo chegue aos R$ 240
(aumento de 20% sobre os atuais
R$ 200) propostos pelo PT em junho. No Orçamento, o aumento é
de 5,5%, para R$ 211.
"Vamos fazer um grande esforço nessa direção, mas não tenho
certeza absoluta [de que o valor
será esse]. Os números do Orçamento dão pouca margem de manobra", disse.
Nos bastidores, petistas admitem que o reajuste do mínimo
não ultrapassará 10% -o equivalente a R$ 20.
O PT também enviou sinais à
CUT (Central Única dos Trabalhadores) para desfazer expectativas de um reajuste salarial aos servidores públicos muito acima dos
4% previstos no Orçamento.
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