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SEGUNDO TURNO
Apesar de publicitário de tucano achar difícil vencer petista, presidenciável mantém pedido de mobilização
Serra acredita em "virada" contra "mito Lula'
RAYMUNDO COSTA
EM SÃO PAULO
Enquanto o publicitário Nelson
Biondi, um dos principais estrategistas da campanha do PSDB à
Presidência, avaliava ser "muito
difícil enfrentar um mito como [o
presidenciável petista" Lula", o
candidato José Serra disse ontem
estar confiante na "virada" e que
vai "ganhar a eleição".
Para justificar o otimismo, Serra
lembrou que, no primeiro turno,
as pesquisas e os resultados foram
diferentes. "A distancia de um para o outro foi oito pontos menor
do que as pesquisas apontavam.
Não é pouca coisa", disse.
Por essa razão, o tucano disse
ter "a convicção de que agora no
segundo turno os resultados das
urnas vão ultrapassar de longe o
que as pesquisas apontam, não
porque elas não sejam feitas com
desonestidade, mas porque realmente não vão conseguir captar a
vontade do eleitor, que só se manifesta na hora", argumentou.
"A quantidade de eleitores indecisos no Brasil é muito maior do
que se imagina. Uma coisa é responder uma pesquisa, outra coisa
é chegar lá na hora pra votar, pensando e meditando."
Serra passou a tarde gravando
os programas de TV do horário
eleitoral gratuito de hoje e treinando para o debate com o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da
Silva, hoje à noite, na TV Globo.
Fez também contatos telefônicos
com prefeitos e dirigentes políticos de todo o país.
"O que nós estamos sentindo é
uma mobilização muito grande
pelo Brasil afora. Vamos dar, e estamos muito confiantes disso,
uma virada e ganhar essa eleição."
Antes de Serra falar, o publicitário Nelson Biondi contou que o
último programa de TV do candidato não será de celebração, como
é comum em final de campanha,
mas de "convocação", nos termos
mais tarde definidos por Serra:
"Pedir a cada eleitor, a cada eleitora que já vota em mim, que consiga um voto a mais. Com isso,
chega-se a vitória."
Biondi disse que Serra terá mais
de 30 milhões de votos no domingo, conforme apontam pesquisas.
Mas reconheceu a dificuldade para furar a "blindagem" do petista:
"Enfrentar um mito como Lula
não é fácil, ele virou uma legenda", disse o publicitário.
Serra ainda pode participar de
atividades de rua até a eleição,
mas desde terça-feira passada,
quando esteve em Recife (PE), dedica-se a gravar seus últimos programas e a treinar para o debate.
Ontem, o tucano discutiu as regras do debate com seus assessores no pequeno jardim em frente
à produtora, para tomar um pouco de sol. No último debate na
emissora, antes do primeiro turno, o tucano estava pálido, gripado e com um ar de abatimento.
Forma e conteúdo
Para desespero da equipe de
marketing, Serra termina a campanha da mesma forma como começou: dando mais importância
ao conteúdo do que à forma, considerada mais importante pelos
publicitários em debates na TV.
Após a série de reuniões com
Serra, o publicitário Biondi disse
aos jornalistas que a campanha
tucana não dispõe de material
contra a vida privada de Lula, de
acordo com boatos que circularam nas duas campanhas.
Mesmo que tivesse, assegurou,
não seria usado por eles. "O Serra
teria botado a gente na rua."
O publicitário reconheceu que a
linha de ataques a Lula e às administrações do PT não surtiu o
mesmo efeito do primeiro turno.
Segundo Biondi, foram dois
momentos diferentes. No primeiro turno, era possível fazer uma
comparação mais crítica. Como
ocorreu, por exemplo, com a
"desconstrução" de Ciro Gomes
(PPS), para usar a linguagem dos
publicitários.
"É o momento. Surtiu efeito lá
atrás", disse, sem mencionar Ciro.
O problema, para Biondi, é que "o
eleitor está cansado das eleições".
Biondi lembrou que no Brasil já
ocorreram viradas históricas nas
eleições. Um exemplo foi a eleição
de Eduardo Azeredo (PSDB) em
1994, quando o favorito disparado nas pesquisas de opinião era
Hélio Costa (PMDB).
"Não é comum, mas não é impossível." Questionado se esperava um milagre no domingo, Biondi disse que "milagres existem".
Colaborou TUCA VIEIRA, repórter-fotográfico
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