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TELEVISÃO
Sem conseguir mudar intenção de voto do eleitor, programas deixam ataques pesados do início e acabam amenos
Horário eleitoral termina hoje sem efeito
CLÁUDIA CROITOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Ataques, respostas que vinham
antes mesmo dos ataques, especulações sobre ataques pesados,
guerra de atrizes, jingles novos,
formatos diferentes, pronunciamentos à nação. Nada disso parece ter surtido efeito no eleitor.
Depois de 12 dias ininterruptos,
a campanha deste segundo turno
na TV chega ao final, hoje à noite,
sem ter conseguido alterar a intenção de voto dos eleitores.
Desde o começo da segunda
etapa do horário eleitoral, no último dia 14, quase nada mudou nas
pesquisas de opinião. Segundo o
Datafolha, nesse período Lula oscilou de 64% para 66% dos votos
válidos, e Serra foi de 36% para
34% -tudo dentro da margem
de erro da pesquisa, que é de dois
pontos percentuais.
Diante do quadro inalterado, as
duas campanhas mostram sinais
de que esgotaram seu estoque de
novidades e parecem ter desistido
de surpreender o eleitor. A última
semana de propaganda gratuita
foi recheada de programas repetidos, os ataques foram quase esquecidos, Regina Duarte e colegas, deixadas de lado.
A mudança mais notável ocorreu na propaganda de Serra. Nos
primeiros dias do horário eleitoral, o tucano chegou a ocupar
mais de 70% de seu programa
com críticas a Lula e ao PT. Ontem, Lula foi mencionado só uma
vez, no programa tucano da noite.
À tarde, foi ignorado.
Já o petista, em um confortável e
distante primeiro lugar nas pesquisas, procurou manter a linha
"paz e amor". Assim como o adversário, reprisou vários programas, mas adotou um clima de "já
ganhou", com discursos de "como será o meu governo".
Neste segundo turno, o horário
tucano tentou ter um perfil mais
sério do que tinha no primeiro.
Saíram de cena Elba Ramalho,
KLB e companhia, que dançavam
ao som de um jingle sertanejo sobre emprego. Entraram apresentadores com ar grave, cobrando
de Lula "por que ele evita os debates", "onde estão a CUT e o MST",
acusando administrações petistas
de incompetência.
Os apoios de Ciro Gomes e Anthony Garotinho, exibidos em clima de festa no programa petista,
também foram alvo de ataques.
Lula voltou ao ar ainda mais festivo, com aplausos de petistas
eleitos, sorrisos de aliados. Antes
mesmo de ser atacado, começou
se defendendo. Iniciou o primeiro
programa apresentando os debates a que tinha ido no primeiro
turno, mostrando pesquisas que o
apontavam como o "vencedor"
em todos eles. Avisou ainda, que,
"apesar de o segundo turno ser
curto", participaria ainda de mais
um debate, na Globo, hoje.
Mais tarde, passou a responder
às críticas às administrações do
PT. "O povo está magoado", diziam os apresentadores.
O medo do medo
Mas o ponto marcante do horário eleitoral no segundo turno foi
mesmo a guerra de atrizes. Exibido logo no primeiro dia, o depoimento em que Regina Duarte dizia ter "medo" de um eventual governo petista criou polêmica, dividiu as opiniões no meio artístico
e deu início a um verdadeiro
bombardeio à atriz.
O programa de Lula respondeu
dois dias depois, com outra atriz,
Paloma Duarte, dizendo-se "chocada e desrespeitada" com a fala
de Regina. A tréplica não demorou a vir. Dessa vez, Beatriz Segall
saiu em defesa de Regina no programa tucano. "Tenho medo de
dizer que estou com medo", disse.
Os tucanos foram acusados de
terrorismo eleitoral. Os petistas,
de patrulhamento ideológico.
No final, tudo parece ter sido esquecido. Voltaram as propostas
para agricultura, as cooperativas e
os empregos. Depois do anunciado pronunciamento de Serra no
último domingo -em que disse
que a vitória do PT poderia ser
um "estelionato eleitoral" ou a
"ruína do país"- e do discurso
de Lula, que aproveitou a idéia tucana, nada de novo foi mostrado.
Se os programas finais, hoje, seguirem o padrão, sem surpresas,
os 480 minutos de horário eleitoral do segundo turno podem não
ter influenciado em nada o eleitor.
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