São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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Varejo concentrado afeta consumidor

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o consumidor foi beneficiado pela elevação da renda no Plano Real, ao mesmo tempo foi vítima da redução no número de redes de varejo no país. Isso ocorreu especialmente no setor de supermercados -um fator negativo na hora em que deseja comparar produtos e preços.
Nos anos FHC, um dos pontos desfavoráveis para o consumidor, na análise de especialistas em varejo ouvidos pela Folha, foi o aumento da concentração no comércio. Em 94, as cinco primeiras redes de supermercados da região metropolitana de São Paulo, por exemplo, representavam 25% das vendas do setor na região. Hoje, esse número beira os 47%, informa a FCESP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
A concentração é resultado de um processo em que as redes mais poderosas acabam adquirindo as menores que, geralmente, não conseguem competir no mercado. "Esse movimento reduz as opções dos clientes", diz Fábio Pina, economista da federação.
A aquisição de redes menores pelas maiores ainda não chegou ao fim no Brasil, na análise de Pina. Na Europa, esse percentual chega a 70% em países como a Inglaterra. "Isso mostra que o Brasil tem mais caminho para percorrer, para concentrar."
Além de o setor de supermercados estar mais concentrado, tem também maior participação de capital estrangeiro. Em 94, as 20 maiores redes de supermercados do Brasil representavam 56% do faturamento total dos supermercados -desse percentual, as empresas com participação de capital de fora representavam 16%.
Em 2001, as 20 maiores já dominavam 75% das vendas do setor, e o capital estrangeiro avançou de 16% para 57%, informa a consultoria Gouvêa de Souza & MD.
"O aumento da concentração e da expansão do capital estrangeiro no setor de supermercados é consequência da estabilização da economia no início do Real e da inexistência de qualquer tipo de proteção para as pequenas e médias empresas", afirma Marcos Gouvêa da Souza, sócio-diretor da Gouvêa de Souza & MD.
A competição global do varejo, diz, acabou deixando muitas empresas descapitalizadas no país, o que facilitou a entrada de competidores internacionais.
"O varejo brasileiro ficou fragilizado com o processo de abertura. Muitas empresas saíram do mercado porque as vendas ficaram mais disputadas. Mas não foi só isso. Algumas redes também sumiram do mercado por causa dos próprios erros na administração dos negócios", diz Gouvêa de Souza. (FF e AM)



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