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Varejo concentrado afeta consumidor
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o consumidor foi beneficiado pela elevação da renda no Plano Real, ao mesmo tempo foi vítima da redução no número de redes de varejo no país. Isso ocorreu
especialmente no setor de supermercados -um fator negativo na
hora em que deseja comparar
produtos e preços.
Nos anos FHC, um dos pontos
desfavoráveis para o consumidor,
na análise de especialistas em varejo ouvidos pela Folha, foi o aumento da concentração no comércio. Em 94, as cinco primeiras
redes de supermercados da região
metropolitana de São Paulo, por
exemplo, representavam 25% das
vendas do setor na região. Hoje,
esse número beira os 47%, informa a FCESP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
A concentração é resultado de
um processo em que as redes
mais poderosas acabam adquirindo as menores que, geralmente, não conseguem competir no
mercado. "Esse movimento reduz
as opções dos clientes", diz Fábio
Pina, economista da federação.
A aquisição de redes menores
pelas maiores ainda não chegou
ao fim no Brasil, na análise de Pina. Na Europa, esse percentual
chega a 70% em países como a Inglaterra. "Isso mostra que o Brasil
tem mais caminho para percorrer, para concentrar."
Além de o setor de supermercados estar mais concentrado, tem
também maior participação de
capital estrangeiro. Em 94, as 20
maiores redes de supermercados
do Brasil representavam 56% do
faturamento total dos supermercados -desse percentual, as empresas com participação de capital de fora representavam 16%.
Em 2001, as 20 maiores já dominavam 75% das vendas do setor, e
o capital estrangeiro avançou de
16% para 57%, informa a consultoria Gouvêa de Souza & MD.
"O aumento da concentração e
da expansão do capital estrangeiro no setor de supermercados é
consequência da estabilização da
economia no início do Real e da
inexistência de qualquer tipo de
proteção para as pequenas e médias empresas", afirma Marcos
Gouvêa da Souza, sócio-diretor
da Gouvêa de Souza & MD.
A competição global do varejo,
diz, acabou deixando muitas empresas descapitalizadas no país, o
que facilitou a entrada de competidores internacionais.
"O varejo brasileiro ficou fragilizado com o processo de abertura.
Muitas empresas saíram do mercado porque as vendas ficaram
mais disputadas. Mas não foi só
isso. Algumas redes também sumiram do mercado por causa dos
próprios erros na administração
dos negócios", diz Gouvêa de
Souza.
(FF e AM)
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