São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SÃO PAULO

Em discussão pautada por aspectos técnicos e com poucas críticas e ataques, tucano e petista evitaram confronto

Debate Alckmin-Genoino termina morno

LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A discussão de aspectos técnicos de temas como indústria, poluição, agricultura, pólos tecnológicos e saneamento predominou na maior parte do último debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e José Genoino (PT).
Transmitido pela Rede Globo ontem à noite, o debate foi mediado por Carlos Nascimento.
Ao longo do encontro, o candidato petista criticou o governo FHC diversas vezes, assim como insistiu em afirmar que o governo tucano está no poder há oito anos no Estado e que seria inoperante, principalmente na área de criação de empregos. De sua parte, Alckmin criticou a inexperiência de Genoino, fez restrições às administrações do PT e citou vários investimentos na geração de postos de trabalho.
O debate seguiu ameno durante todo o programa, com a recorrência à citação de números e projetos, sem acusações graves.
Indústria foi o tema da primeira pergunta, feita por Genoino a Alckmin. Ele afirmou que 40% da capacidade do parque industrial está ociosa. "O governo fez um grande trabalho na atividade exportadora", disse Alckmin.
Genoino rebateu afirmando que falta uma política de exportações, propondo a criação de agências de desenvolvimento regionais e o apoio a micro e pequenas empresas. Alckmin afirmou que esse apoio já existe.
Ambos falaram sobre a "guerra fiscal" para atrair indústrias. Alckmin disse que seria "um tiro no pé", porque geraria competição no próprio parque industrial. Já Genoino afirmou que é preciso aumentar a capacitação e a pesquisa no Estado.

Estatísticas
O tema seguinte foi agricultura, e o destaque ficou por conta da afirmação de Genoino segundo a qual o Estado não dispõe de uma política específica para a área e citou dados sobre a queda de produção agrícola. Alckmin rebateu, afirmando que os dados se referiam a período anterior ao primeiro governo Mário Covas (PSDB), que começou em 1995.
Questionados sobre a área dos transportes, mais uma vez o governador detalhou os planos de ampliação do Metrô na capital. Genoino, também outra vez, voltou a falar em "farra dos pedágios", tema recorrente em sua campanha.
Saúde e saneamento foram temas abordados no começo do segundo bloco, quando Alckmin perguntou a Genoino sobre a despoluição do Tietê. O petista preferiu falar de políticas de programas sociais e educação. "Genoino não respondeu", retrucou Alckmin, passando a detalhar obras e planos para limpar o rio que cruza a cidade. "Você quer que eu responda o que você quiser", ironizou o candidato petista.
Foi só no meio do segundo bloco, e apenas nesse momento, que o tema violência entrou em pauta. "Você continua afirmando que não existem áreas controladas pelo tráfico?", questionou Genoino.
"Aqui não é governo do PT", rebateu o governador, que relacionou apreensões de drogas, outras ações policiais e programas de prevenção. Genoino insistiu, dizendo que seu adversário, quando é criticado, "culpa o PT".
Na área da saúde, Genoino voltou a prometer medicamentos de graça. O governador relacionou os 13 hospitais novos instalados pelo governo do Estado e voltou a atacar o PT: disse que a prefeitura de São Paulo não fez nenhum hospital novo, atendendo "apenas" 3.500 pessoas por mês, contra 12.500 do Estado.
Para o candidato petista, a saúde é "algo muito sério" para ser tratado com números.
"Por que as crianças estão passando de ano no Estado de São Paulo sem saber ler ou escrever?", perguntou Genoino, referindo-se ao sistema de progressão continuada. "Pode haver um ou outro caso isolado", respondeu Alckmin, afirmando que o sistema foi criado pelo próprio PT. "O governo do PSDB copia mal as coisas", replicou Genoino


Texto Anterior: "Le Monde" critica governo FHC e analisa a chegada do PT ao poder
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.