São Paulo, sexta-feira, 25 de outubro de 2002

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MARISA SERRANO

Surpresa, tucana diz que pretende fazer pacto do centro-sul

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Candidata "no sacrifício", após a desistência do prefeito de Campo Grande, André Puccinelli (PMDB), a deputada federal tucana Marisa Serrano surpreendeu ao provocar o segundo turno.
Na campanha, ela conta com o apoio do presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB), reeleito em primeiro lugar, e com cerca de 50 dos 77 prefeitos do Estado. No segundo turno, recebeu adesão do PPS e do grupo do PDT ligado ao vice-governador Moacir Kohl, que rompeu com o PT.
Em 6 de outubro, Zeca teve 48,33%, dos votos válidos; a candidata tucana, 42,41%. (FM)

Agência Folha - O TSE aprovou esta semana a utilização de tropas federais este ano. Foi uma medida realmente necessária?
Marisa Serrano -
Sim. A gota d'água foi o comandante da PM fazer uma convocação para que seus subordinados estivessem em uma reunião para dar apoio ao candidato do PT. A gente tem de se precaver, afinal de contas não foi só esse caso, foi o caso do uso de diárias de servidores, cestas básicas, propaganda irregular, prédios públicos e ônibus oficiais.

Agência Folha - Mas o ex-comandante-geral da PM alegou ao TRE que fez uma convocação também para uma reunião de apoio à sra. no último sábado.
Marisa -
Eu não vi essa convocação. Nós tivemos uma reunião com pessoas que se juntaram para falar comigo, inclusive foi de última hora, me pediram que eu desse uma passadinha lá e eu passei. Não pedi a convocação, não pedi a reunião. Se eu soubesse que o comandante-geral estivesse convocando, eu não aceitaria de jeito nenhum.

Agência Folha - Como será o relacionamento entre um eventual governo da sra. e de Lula?
Marisa -
Nenhum problema. Primeiro, porque o exemplo já está dado durante esse tempo em que Zeca foi governador. Durante esses quatro anos, eu não tenho notícias e não houve um mínimo de discriminação por conta disso. Pelo contrário, foi um Estado que sempre teve apoio irrestrito do governo federal.

Agência Folha - O PPS, que apóia a sra., distribuiu adesivos com os dizeres "Lula-Marisa". A sra. está tentando se desvincular da imagem de José Serra?
Marisa -
Em absoluto. Eu peço votos a ele em todos os locais onde vou. É um grande amigo e acredito que ele seria o melhor presidente para este país. Agora, o PPS tem todo o direito de escolher o seu caminho.

Agência Folha - O PT criticou muito o governo anterior, de Wilson Martins (PMDB), apoiado pelo PSDB, mostrando que a folha de pagamento ficou quatro meses atrasada e houve uma grande queda de arrecadação no final do mandato. Não há risco de isso se repetir caso a sra. se eleja?
Marisa -
Claro que não, o meu governo é novo, não tem amarras com o passado. O PSDB nunca foi governo em MS, eu não participei do governo passado, mesmo sendo deputada federal. Quando Zeca fala em volta ao passado, eu poderia questionar também a ligação dele com Marcelo Miranda (ex-governador pelo PMDB entre 87 e 91, hoje no PL), que teve também grandes problemas. O Zeca mesmo foi um dos maiores críticos, inclusive incitando a população a cercar o palácio. O meu governo não terá nenhuma ligação com pessoas que comandaram secretarias no passado.

Agência Folha - Mato Grosso do Sul tem tido problemas na guerra fiscal com São Paulo, principalmente em relação ao ICMS do gás boliviano e à política de incentivos à indústria. Como a sra. vai se posicionar sobre esse tema?
Marisa -
Ontem [terça] eu conversei com o governador eleito Aécio Neves (MG) e com o governador de Goiás, Marconi Perillo. E nós fizemos um pacto. Eu e o [Geraldo" Alckmin, se eleitos, queremos um pacto do centro-sul. São quatro governadores do PSDB que vão trabalhar juntos.


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