São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2003 |
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PRÍNCIPE DE ASTÚRIAS Na Espanha, presidente é homenageado por combate à fome Lula recebe prêmio e ataca "absolutismo econômico"
PLÍNIO FRAGA ENVIADO ESPECIAL A OVIEDO Ao receber ontem, na Espanha, o prêmio Príncipe de Astúrias de Cooperação Internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o "absolutismo econômico", definiu a distância entre riqueza e pobreza como um "perigoso acúmulo de tensão" e afirmou que as políticas globalizadas dos anos 90 fracassaram. "O absolutismo econômico e o fanatismo cego ignoram os valores morais da civilização que nos unem e nos impelem para o futuro. Vivemos um apogeu tecnológico e produtivo. Desenvolvimento técnico e democracia social, porém, nem sempre caminham juntos", discursou Lula perante 1.500 convidados, num teatro de Oviedo, capital do principado de Astúrias (norte da Espanha). O presidente brasileiro foi o último a falar entre os cinco premiados que discursaram -o filósofo alemão Jürgen Habermas e as escritoras J. W. Rowling (britânica, autora da série "Harry Potter"), Susan Sontag (americana) e Fatema Mernissi (marroquina). No momento em que recebeu o prêmio, do príncipe de Astúrias e herdeiro do trono espanhol, dom Felipe de Borbón y Grecia, Lula entregou uma foto em que aparece doando o cheque de US$ 55 mil que recebeu do secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Condecorado por sua pregação em defesa de um fundo internacional contra a fome, Lula limitou-se a esse tema no discurso de cerca de 15 minutos. "Há hoje um perigoso acúmulo de tensão entre a opulência que não reparte e a miséria que não regride. A pergunta que ecoa na agenda dos povos, especialmente dos países periféricos, é suficientemente eloquente para não ser mais ignorada. Trata-se de saber por que fracassaram as políticas dos anos 90 que prometiam crescimento integrado e redistribuição cooperativa da riqueza mundial." Lula disse que cerca de 5 milhões de famílias são beneficiadas no Brasil pelo programa Fome Zero e repetiu a sua mais ambiciosa promessa de campanha: "Em quatro anos, pretendemos erradicar a fome em nosso país". Atraso Lula desembarcou em Oviedo às 10h20 (6h20 de Brasília). Iria cancelar uma visita ao Parlamento de Astúrias para não atrasar a foto oficial dos premiados. Mas o príncipe dom Felipe pediu que fosse ao Parlamento, e todos os demais agraciados e convidados ficaram aguardando por 30 minutos no hotel de la Reconquista. No Parlamento, Lula voltou a se referir ao combate à fome. À tarde, recebeu o secretário-geral do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), José Luiz Zapatero, principal nome da oposição ao presidente de governo da Espanha, José María Aznar. Durante o almoço oferecido pelo príncipe aos vencedores do prêmio, Lula foi assediado por empresários espanhóis. A todos, pediu investimentos para estimular a economia brasileira. Durante a recepção, o presidente não almoçou. Lula permaneceu num canto, conversando. Preferiu comer em seu quarto. O jogador de futebol Raí participou do almoço, mas não falou com Lula. O presidente deixou Oviedo no final da noite, com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, os governadores petistas Jorge Viana (AC), Flamarion Portela (RR) e Wellington Dias (PI) e o deputado federal Jorge Bittar (PT-RJ). Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Escritora americana faz elogios a petista Índice |
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