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Escritora americana faz elogios a petista
DO ENVIADO ESPECIAL A OVIEDO
"Quem é o outro mesmo?", surpreendida pela pergunta, foi assim que a escritora e ensaísta norte-americana Susan Sontag referiu-se ontem, em um primeiro
momento, ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Vencedora do Prêmio Príncipe
de Astúrias de Artes, Sontag havia
aberto sua entrevista coletiva reverenciando o filósofo Edward
Said, que morreu neste mês e tinha recebido no ano passado o
mesmo prêmio, agora destinado à
escritora. Ela citou Said para dizer
que poucos vencedores de prêmios merecem ser citados, dada o
que chamou de arbitrariedade de
suas concessões.
Foi então questionada sobre se
Lula, com quem se avistaria na cerimônia de entrega, mereceria ser
citado ao lado de Said. A pergunta, feita em espanhol por exigência do protocolo, não foi entendida imediatamente pela escritora.
"Quem é o outro mesmo?", questionou. Esclarecido o personagem, Sontag foi só elogios. "Absolutamente merecedor [da citação
ao lado de Said]. Tenho grande
admiração por Lula. Por sinal, estou muita satisfeita que os EUA
não estejam muito envolvidos
com a direita latino-americana. É
uma coisa boa que Lula possa governar. Tenho grande admiração
por ele", afirmou a escritora.
Na sua preocupação com a forma com que os EUA historicamente atuaram na América Latina, a escritora lembrou o golpe
militar contra Salvador Allende
no Chile para falar da ligação de
governos de seu país com a direita
no continente. "O 11 de Setembro
não é somente a data dos ataques
terroristas nos EUA. É também a
data da derrubada de um governo
legitimamente eleito no Chile."
Sontag voltou a citar o Brasil
quando criticou o novo filme de
Quentin Tarantino, "Kill Bill":
"Cerca de 20% da população
mundial vive em grandes cidades
como Nova York, Tóquio, São
Paulo, onde a cultura é mais industrial, mais consumida e com
critérios mais mercenários. Nesse
universo, a arte não tem tabus.
Mas, para os outros 80% da população mundial, os tabus, as ingerências e a censura crescem. Às
vezes, por restrição religiosa".
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