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Dirceu defende "reação rápida" a deslizes no governo
DO ENVIADO ESPECIAL A OVIEDO
Com três ministros de Estado e
um ex-secretário ministerial do
governo Luiz Inácio Lula da Silva
sob críticas e pressão por supostos desvios de conduta administrativa, o ministro-chefe da Casa
Civil, José Dirceu, defendeu uma
reação rápida do governo: "Isso
tem de resolver na hora. Quando
não resolve, sangra".
Dirceu não quis dizer de qual
caso especificamente falava nem
se o verbo "resolver" poderia significar demissão de algum dos
membros do governo.
A ministra Benedita da Silva
(Assistência e Promoção Social)
teve de devolver o dinheiro das
passagens de uma viagem que fez
à Argentina, para uma reunião
evangélica, no final de setembro.
O ministro Agnelo Queiroz (Esportes) fez o mesmo em relação a
diárias para hospedagem nos Jogos Pan-Americanos de Santo
Domingo que já estavam pagas.
O ministro Anderson Adauto
(Transportes) recebeu mais de R$
2 milhões de vencimentos quando foi presidente da Assembléia
Legislativa de Minas Gerais.
Por fim, o secretário nacional de
Segurança Pública, Luiz Eduardo
Soares, deixou o posto depois de
contratar a mulher e a ex-mulher
para prestar serviços ao governo.
Dirceu afirmou não acreditar
que a série de acusações que
membros do governo sofrem resulte de luta interna pela manutenção de cargos na reforma ministerial que se aproxima. "Desentendimentos e confrontos políticos ocorrem mesmo e temos
de ir resolvendo. Mas é perda de
tempo acreditar que vai levar alguém a sair ou ficar no governo."
Em conversa que manteve na
viagem de nove horas do Brasil
até a Espanha, Lula se manifestou
preocupado com o que chamou
de intensidade de cobrança da
imprensa sobre os ministros.
Segundo integrantes da comitiva, Lula disse ter cogitado fazer
uma defesa pública de Benedita.
Dirceu confirmou que o governo começa a discutir a reforma
ministerial em novembro. "Após
as reformas e até o final do ano,
Lula decidirá como acomodar o
PMDB e quem fica e quem sai."
Não descartou a possibilidade
de redução no número de pastas.
Dulci
O secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, disse ontem que
Agnelo Queiroz e Benedita "falharam" em suas respectivas viagens
para o exterior pagas com verba
oficial. "Mas, nesses dois casos, os
erros foram corrigidos." Em São
Paulo para uma reunião na Amcham (Câmara Americana de Comércio), Dulci defendeu Benedita. "Seus méritos são muito superiores a seus eventuais erros."
Para ele, os erros fazem parte de
qualquer governo democrático,
mas a diferença está na proporção
do erro. "Não há precedente na
história do país de um governo
que tenha sofrido tão poucas denúncias de irregularidades como
o do presidente Lula. Não estamos falando de privatizações de
US$ 5 bilhões, mas de falhas localizadas", disse Dulci, em referência às denúncias de privatizações
fraudulentas na gestão de Fernando Henrique Cardoso.
O secretário-geral sorriu ao ser
questionado se os dois ministros
se credenciaram como fortes candidatos a deixar seus postos na reforma ministerial prevista para o
fim do ano. "Isso é da alçada do
presidente", respondeu.
Sobre os gastos do atual gabinete da Presidência com viagem,
Dulci afirmou considerar os números "normais". Até agora, o gabinete de Lula gastou R$ 9,9 milhões com passagens e despesas
com locomoção. Em 2002, no
mesmo período, o gabinete de
FHC gastou R$ 4 milhões. "Com
certeza, o governo FHC tinha menos diálogo com a sociedade civil.
Outro ponto é que hoje o gabinete
concentra mais órgãos."
O presidente do Conselho da
Amcham, Sérgio Haberfeld, saiu
em defesa do PT. Disse que membros de governos anteriores cometeram as mesmas irregularidades no quesito viagem, sem, no
entanto, serem cobrados por isso.
Colaborou LILIAN CHRISTOFOLETTI, da
Reportagem Local
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