São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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PAINEL

Reação da cúpula
As bancadas do PMDB na Câmara e no Senado deverão entregar amanhã a José Dirceu duas "cartas abertas ao PT". Dirão que a sigla "não aceita tratativas pessoais em torno de cargos". Referência direta a José Sarney, que vem articulando com a cúpula do PT sua candidatura à presidência do Senado.

Aos poucos
As cartas já têm assinaturas de 15 senadores e 50 deputados, todos identificados com a cúpula do PMDB. A idéia principal é dizer que a sigla se compromete a dar apoio institucional à governabilidade, mas sem ocupar cargos. Pelo menos no início.

Pudor de lado
O deputado Albérico Filho (PMDB-MA), sobrinho de José Sarney, recolhe assinaturas na Câmara para um abaixo-assinado. Cobra que seu partido tenha cargos no governo Lula. Vinte deputados já assinaram.

Medição de egos
Apesar do bom relacionamento, já começam a surgir intrigas entre Lula e FHC. No PT, é corrente a versão de que o atual presidente não quis mudar a data da posse para o petista não ter uma festa maior do que as que o tucano teve em 95 e 99.

Dada a largada
José Carlos Aleluia (BA) e Roberto Brant (MG) avisaram à cúpula do PFL que disputarão a liderança do partido na Câmara com Inocêncio Oliveira (PE).

Sonho latino
Petistas que participaram de reuniões do Fórum Social Mundial no Uruguai ouviram da esquerda de lá que ela tentará -com chances remotas de êxito- uma antecipação da eleição presidencial de 2004 no país. Os uruguaios querem obter dividendos com a "onda Lula".

Empresa familiar
O governador eleito Blairo Maggi (PPS-MT) assinará contratos de gestão com seus secretários, podendo demitir quem não atingir as metas. A medida inclui sua mulher, futura secretária de Trabalho e Cidadania.

Lobby togado
A Associação dos Magistrados Brasileiros enviará amanhã 50 juízes ao Senado para acompanhar a votação da reforma do Judiciário e cobrar a aprovação de pontos de seu interesse.

Apetite eleitoral
Deputados e senadores incluíram no Orçamento da União de 2003 R$ 6,2 bilhões em emendas estaduais que financiarão benefícios para suas bases eleitorais.

Alegria da paróquia
Em tese, emendas estaduais deveriam ser usadas para grandes projetos de desenvolvimento. Mas os parlamentares as transformaram em emendas paroquiais, de interesse restrito. São liberadas pelos ministérios com interferência dos políticos.

Relação federativa
Os parlamentares mais beneficiados foram os do PA, que obtiveram R$ 585 mi em emendas paroquiais coletivas, o que representa R$ 34,4 mi para cada um dos 19 políticos. Os de SP conseguiram R$ 4 mi cada um. Apenas as bancadas da BA, de PE e do DF não apresentaram emendas estaduais paroquiais.

Solução popular
Lula recebeu, ao visitar PE, duas contribuições para o projeto de combate à fome: uma nota de R$ 50 colocada em seu bolso por uma senhora e uma carta jogada dentro do carro, na qual uma eleitora sugere que seja aberta uma conta bancária para doações de R$ 1 para o projeto.

Nado sincronizado
Lula ganhou de presente, na sua viagem a PE, uma camisa do Náutico. Após 11 anos de jejum, o clube foi campeão em 2001, depois que Lula vestiu a camisa do time. Os dois eram comparados no Estado: ""Nadavam, nadavam e morriam na praia".

Destino tucano
O ministro Paulo Renato (Educação) decidiu que lecionará na Universidade de Harvard (EUA) após o final do governo.

TIROTEIO

De Ricardo Barros (PPB-PR), vice-líder do governo FHC no Congresso, sobre a transição:
- O PT e o Lula agem como se estivessem em campanha. Só estão preocupados com a festa da posse, não com a responsabilidade que terão depois dela.

CONTRAPONTO

Liturgia de oposição

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, participou na semana passada de um café da manhã na casa de Aécio Neves MG) com parlamentares de 34 países que vieram a Brasília participar de um encontro sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). O evento também contou com a presença dos líderes dos partidos na Câmara.
Após conversar com os políticos estrangeiros, Lula falou com Inocêncio Oliveira (PE), líder do PFL. Conterrâneo de Lula, o deputado quis saber detalhes da viagem que ele faria a Pernambuco na sexta-feira.
- Vamos viajar juntos para lá. Somos conterrâneos, você pode me ajudar a conhecer nosso Estado - propôs Lula.
Inocêncio aproveitou para brincar com a nova fase oposicionista de seu partido:
- Lula, se a oposição viaja junto com o presidente é porque aderiu.


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