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TRANSIÇÃO
Reunião com presidente eleito joga Executiva do partido contra Aécio
Encontro de governadores
com Lula gera crise no PSDB
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reunião marcada para hoje de
Luiz Inácio Lula da Silva com sete
atuais e futuros governadores tucanos, em Araxá (MG), desencadeou a primeira crise pós-eleitoral do PSDB e jogou a Executiva
Nacional do partido contra o presidente da Câmara e governador
eleito de Minas, Aécio Neves.
Foi Aécio quem convidou Lula,
decisão tomada sem consulta prévia à cúpula tucana e aos governadores. Em reunião sigilosa na terça-feira passada, a Executiva Nacional do PSDB classificou de
"inadmissível" a iniciativa do deputado e de "inconveniente" a
reunião com o presidente eleito.
Entre os críticos mais duros, na
reunião, estiveram o presidente
do PSDB, José Aníbal, e o deputado Alberto Goldman, integrantes
do "grupo paulista", que detém o
comando da legenda e começa a
ser contestado por líderes emergentes como o próprio Aécio.
Dos governadores que hoje estarão com Lula, o de Goiás, Marconi Perillo, era o único presente.
Ele endossou a avaliação da cúpula: as decisões importantes do
PSDB, a partir de janeiro um partido na oposição, devem ser respaldadas pela Executiva e não tomadas de forma isolada.
Procurado, Aécio admitiu que
fizera o convite a Lula. Mas justificou-se: pretendia combinar com
os colegas tucanos antes de anunciar a presença do presidente eleito no Grande Hotel de Araxá,
quando foi surpreendido pelo vazamento da notícia. Para a Executiva tucana, o encontro servirá só
para Lula posar para fotos com os
governadores eleitos do PSDB
-interessaria, portanto, apenas
ao PT. Melhor seria se os governadores fizessem uma reunião de
trabalho e depois levassem o resultado ao futuro presidente.
Apesar de considerar "inconveniente" a reunião dos governadores com Lula, a cúpula do PSDB
optou por não recomendar que
ela fosse desmarcada, como chegou a ser cogitado. Isso só agravaria uma crise que os tucanos tentam contornar sem fazer barulho.
Passado o primeiro momento,
os tucanos até tentaram encontrar justificativas para Aécio. A
mais comum reza que ele receberá do governador Itamar Franco
(PMDB) um Estado quebrado e,
por isso, precisará manter boas
relações com o governo federal.
O próprio Aníbal tenta contemporizar ao dizer que os desencontros refletiriam apenas os "atropelos de início" do papel dos tucanos na oposição. Aécio, por sua
vez, julga-se vítima de "patrulhamento" e é pouco provável que
deixe de continuar alçando vôos
próprios. Já na eleição mostrava-se ambíguo em relação à candidatura presidencial do PSDB.
No ninho tucano, há quem
apóie a desenvoltura do deputado
mineiro. O governador eleito do
Ceará, Lúcio Alcântara, por
exemplo, considera que Lula está
sendo "atencioso" ao ir à reunião,
quando poderia só recebê-los.
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